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Alexia Noronha
Segunda-feira
12:32a.m

Comércios haviam fechado por causa das mortes que ocorreram na madrugada de sábado, toque de recolher pra geral ficar dentro de suas casas. Comunidade inteira tava de luto, levavam uma vida errada mas geral daqui connhecia eles e gostavam abeça por serem meninos humildes que n faltava com respeito a morador.

Maluquinho, um que havia morrido tbm era bastante conhecido pela sua loucura de rebolar em bailes. Ria muito quando me mandavam o vídeo desse maluco mandando nos passinhos.. tinha até mãos nos joelhos e as porra.

Difícil está sendo mesmo pra mulher dele em meio a isso tudo , geral daqui sabia que ela infelizmente só tinha ele por ela.. a mãe havia morrido a pouco tempo e desde então a mina contava com ele p tudo. Sinceramente n me vejo de forma alguma passando por isso, ter um irmão metido nesse meio já é difícil imagine quem vc dorme junto, janta, compartilha da sua vida, intimidade e etc..

- Alexia? - Viro a cabeça assim que minha madrinha me chama.
- Tá tão longe vc hoje filha, aconteceu alguma coisa??

- Tô Aqui pensando na Madu, dinda.. - Falo o nome da mulher do Maluquinho. - Ela só tinha ele por ela.. perdeu a mãe tem nem um ano cara, deve tá sendo uma barra foda.. - Digo sentida mesmo.

- Eu sei minha filha.. eu sei...
- ela diz - Mas ela sabia, quem é dessa vida n tem um final feliz.. ou é morte ou é cadeia, a realidade é bruta Alexia.. - Ela olha pro chão deixando uma lágrima rolar pelo seu rosto. - durmo e acordo pedindo proteção a Deus pra o meu filho todos os dias, mesmo sabendo que se for de acontecer.. acontecerá! E eu tenho que ser forte pra aguentar isso, quantas mães aí n chorou tbm por causa do Benício? - Ela suspira. - Tudo de mal que nós fazemos nessa vida uma hora pagamos, minha filha. - Ela fala deixando a cozinha e indo pra sala.

Suspirei sabendo que n passou de vdds tudo aquilo que ela havia acabado de falar.. uma hora ou outra a cobrança chega pra qualquer um, onde se faz o mal uma hora tu colhe do seu próprio ato.

(...) 22:53

Fiquei tanto tempo conversando com a minha madrinha que mal vi as horas passando, quando olhei já era quase onze horas.. Me despedi dela e fui praticamente correndo pra a minha casa, a rua n tinha um pé de pessoa... Isso me faz apressar mais ainda meus passos. Olho pra trás vendo um carro entrando na rua com os faróis desligados, nervosa começo a apressar meus passos quase que correndo.. me assusto quando o carro acelera conforme meus passos.

Tento parecer tranquila quando o carro me alcança e começa a acompanhar meus passos, paro imediatamente vendo o carro parar tbm.. o vidro foi descendo lentamente e eu suspiro quase que "Aliviada" ao vê quem estava dentro do carro.

- Tu é mandada pra caralho né? Respeita nada.. n tá dentro de casa pq, hein Alexia? - Ele fala mantendo o olhar em mim.

O boné enterrado na cara o deixou ainda mais atraente.

- N é da sua conta. - Respondo ele e continuo a andar, O carro me acompanha com ele dentro.

- É né.. - Ele fala e então acelera com o carro na frente estacionando Bem ao lado da minha casa, Vem na minha direção e eu paralisei ali mesmo. - Colfoi, sustenta teu papo aí agora filhona.. - Ele fica frente a frente comigo.

O perfume dele tomou meus nariz na mesma da hora , o que me faz ter uma crise de espirros ali mesmo.

- Caralho.. pra que tanto perfume, cara?? - Eu pergunto respirando fundo ao terminar minha crise.

- Vem mudar de papo n tio
- Ele agarra meu pescoço ali e me prende contra a parede de uma mercearia. - Gosta de tirar ondinha com cara de vagabundo, diz aí agora mano!

Idas e Vindas (M)Onde histórias criam vida. Descubra agora