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Alexia Noronha/Semanas depois

Tinha preparado toda uma rotina para assim que acordasse, vi tudo ir por água baixo quando acordei passando extremamente mal. Uma tontura, um enjôo absurdo que não me deixou fazer absolutamente nada.

— tá se sentindo melhor? — Ele entra no quarto, nego de olhos fechados. — Isso é normal, né?  Tem nada de errado com a criança não, Alexia?! Por que tu não vai na médica cara, vê se tá tudo bem... Tu tá desde manhã passando mal pô, ta mó pálida! — Levi fala.

— Hum... — Eu choramingo assim que sinto a bile subir de novo.

— Alexia, cara! — Ele me segura quando tropeço no tapete.

Vomitei tudo ali e já comecei a chorar, não tava mais aguentando isso! Pedi pro Levi me dar um banho e liguei pra Gino da dona Laura que foi super paciente e me explicou que os enjôos estão elevados pela quantidade de hormônio que estava se reproduzindo, me autorizou tomar o sulfato ferroso antes de qualquer refeição e eu agradeci, ficando de nós encontrarmos amanhã para o pré-natal.

— Essa criança vai nascer cabeluda, já estou vendo! — Dona Laura adentra no quarto. — Fiz uma sopinha com bastante cenoura e batata, como vc gosta...

— Vou acostumar ein.. — Eu brinco com ela que sorriu.

— Tu caiu no banheiro ontem, cara?! — Levi olha pra sério.

— Falei mesmo! — Breno fala, nego com a cabeça.

— Eu não cai, tá?! só me desequilibrei. — Respondo.

— Se desequilibrou... — ele desdenha, — Na moral, tu já tá ciente que tu não tá sozinha não, que antes de tu querer pensar em tu, vc tem q pensar na criança primeiro! — ele começa.

— E eu vou deixar a casa suja, Levi?! Tu só sabe falar tbm, cara! Só sabe reclamar, não quer que eu faça esforço mas é o primeiro a sujar a casa, deixar principalmente o banheiro molhado arriscando não só a mim como a qualquer um que entrasse ali escorregar! — Eu digo.

— Suave, tu tá certa! — Ele fala.

— Fora os pratos na pia e a coisas que vc deixa fora do lugar! — Eu continuo.

— Tá cara, vou deixar mais nada sujo não... — ele fala pegando a toalha da cama.

— E ficando longe de mim... — eu digo baixo.

— Ficando o que? — Ele volta, fico calada. — Tu sabe que eu tô na correria, nega. Não fico longe de tu por querer, tu tá ligada que fico perturbadão longe de vocês, tu sabe.. — ele vem pra cama e beija minha testa.

— Eu sei mas eu me sinto sozinha aqui, Levi. Na outra casa eu já me sentia, imagina agora nessa enorme...

— chama tuas amigas, cara, tua madrinha quem vc quiser! — Ele me encara.

— Não é a mesma coisa.. — já comecei a chorar.

— Ô, que isso? Para com isso aê pô.. — Ele limpa meu rosto, — Eu vou vê o que eu faço, vou tirar um tempo pra ficar com tu aqui, valeu? — ele fala.

— E quando essa criança nascer, Levi... — Eu me nego a continuar.

E esse pensamento é o que tem mais me perturbado todas as noites antes de dormir, a ficha ainda tá caindo que eu estou gravida e agora, praticamente casada. Eu tenho medo, medo de não ser uma boa mãe para este bebê e o Breno, medo de cria-los nessa vida e lá na frente eles terem um certo tipo de influência, medo de não saber principalmente o dia de amanhã e o que ele pode trazer com ele.

Idas e Vindas (M)Onde histórias criam vida. Descubra agora