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Alexia Noronha/ Alguns dias depois..

Engulo o grito que escaparia dos meus lábios ao ter a pinça da médica grudar em cada ponto da minha perna, olho para o ferimento que formaria uma cicatriz e retorno o olhar para a janela, vendo o sol que fazia lá fora.

- Então, Marina.. tem ideia do que vai fazer agora? - Ana me pergunta, apesar de ter sido totalmente grossa com ela nos nossos primeiros momentos, ela tem se mostrado uma pessoa boa.

- Eu não faço a mínima. - digo uma total e grande verdade.

A ficha ainda não tinha caído e demoraria a cair, eu tenho certeza. Não acredito, me nego a aceitar ainda, eu ignoro todos as vozes da minha cabeça que querem me fazer cair na realidade mas eu simplesmente silencio tudo.

Hoje eu receberia alta após dias aqui, não tenho recebido visitas para não levantar suspeitas, além disso tudo meu nome anda circulava por aí e a polícia acha que eu tenho uma conta a prestar com eles.

- Trouxe a cadeira de rodas! - Ana diz e eu nego. - O que? Vai me dizer que vai fazer birra pra sentar aqui? - dou risada. - olha só, consegui arrancar uma risada sua!

Na verdade, eu ri ao me lembrar do show que o Levi fez quando disse que ele precisaria usar a cadeira de rodas, era tão birrento que parecia uma criança...

Que saudade...

- Então, vc quer que eu chame algum táxi? Uber? 99? - sugeri, nego.

- Eu estou esperando alguém, pode me deixar aqui. - falo e agradeço. - Obrigado, Ana.

- De nada, Mari. - diz e eu sorrio ao vê-la entrar para dentro, era um hospital público então eu aguardei praticamente do lado de fora mesmo, vejo um carro tomar minhas vistas e minha madrinha sair dele.

- Querida, vamos. - Ela puxa a cadeira, me conduzindo até a porta do carro. - Consegue se levantar? - pergunta e eu assinto, me levanto e apoio minhas mãos na porta ocupando o banco de trás. - tá bem? tá sentindo alguma coisa? - nego.

O caminho percorrido foi tão estranho, eu estava longe e tudo que minha madrinha falava, eu só fazia concordar com a cabeça ou então negar. Eu não estava com cabeça para perguntas, para absolutamente nada. Eu só queria reencontrar meus filhos por que sei que nos braços deles, retomaria minhas forças e continuaria de pé mesmo sem ele presente.

- Amigaa!! - Tessia corre para me abraçar chorando, aperto ela compartilhando da mesma dor. - Eu sinto tanto, tanto, Alexia...

- Eu sinto mais ainda, Tessia... - digo a ele e apertei ela, nos soltamos com uma limpando o rosto da outra.

- ô minha princesa! - abraço caio e Leninha de vez, não querendo mais me entregar ao choro mas com tudo isso aqui, se torna difícil;

- O Oliver, ele... Tá organizando tudo, tá!? É... O carro, a passagem... - Elena diz alisando meus braços, assinto. - Eu te amo tanto, Alexia! - torna a me abraçar chorando.

- eu também amo vc! - digo a ela e olho para trás vendo o Breno me olhar. - meu amor, vem cá! - o chamo vendo ele vacilar nos passos e seus olhos encherem de lágrimas.

- Mãe! - ele me abraça e chora, eu choro mais ainda pois nunca mais depois do ocorrido com Benício, ter visto Breno nesse estado, chorando e com medo...

Idas e Vindas (M)Onde histórias criam vida. Descubra agora