case thirty nine:season two

Capítulo trezentos e sessenta e dois.

Second season:three hundred and sixty-two
★ E eu não fiz nada ★
{Tacoma, Washington}
<Gabriel Di Laurentis narrando>

Abri a porta com um suspiro cansado e, para minha surpresa, Arthur estava parado ali, com aquele olhar casual que só ele conseguia ter.

— Não sabia que ricos abriam a porta da própria casa. Como foi pegar numa maçaneta pela primeira vez? — ele debochou, um sorrisinho no canto dos lábios.

Revirei os olhos e comecei a fechar a porta na cara dele, mas Arthur segurou a maçaneta com uma agilidade irritante e entrou como se fosse o dono do lugar.

— Cadê todo mundo? — ele perguntou, olhando em volta.

— Meus pais foram viajar com o meu irmão. — Cruzei os braços, encostando na parede. — E você, o que tá fazendo aqui?

— Estava sem nada pra fazer, então decidi te irritar. — Ele deu de ombros e se jogou no sofá, como se aquilo fosse rotina.

Arthur e eu nos conhecemos desde o sexto ano. Desde então, a gente sempre esteve junto. Ele é como um irmão, mas às vezes também age como um parasita, invadindo minha casa e me obrigando a socializar. O que me preocupava agora era o jeito pensativo dele. Conheço Arthur bem demais para não perceber quando algo está errado. Ele é a pessoa mais tranquila do mundo — depois do GS, claro. Mas hoje parecia que algo o estava incomodando.

— O que aconteceu? — perguntei, estreitando os olhos.

Arthur deu de ombros, evitando meu olhar.

— Se você fez algo errado ou cometeu um crime, já aviso que não vou pagar sua fiança. — Dei de ombros, tentando arrancar alguma reação dele.

Arthur riu, mas foi um riso curto, meio forçado.

— Eu não fiz nada. Esse é o problema.

— Você nunca faz nada. — Respondi com sarcasmo, cruzando os braços. — Então, o que você não fez?

Ele suspirou profundamente, apoiando os cotovelos nos joelhos.

— A Thaiga foi lá em casa hoje.

Levantei as sobrancelhas, surpreso, mas permaneci em silêncio, esperando ele continuar.

— Ela foi pedir desculpas pelo que aconteceu entre a gente. Disse que, quando falou que tinha gostado do nosso beijo, ela tava sendo sincera. Que queria me beijar de novo, mas... — Ele fez uma pausa, olhando para o chão. — Também disse que nunca ia ficar comigo enquanto eu namorasse. Que a gente podia tentar ser amigos, de verdade dessa vez. E aí ela foi embora.

Arthur deu de ombros, frustrado.

— E eu não fiz nada.

Dei um sorriso de canto.

— Garota de atitude.

— Gabriel!

— Falei alguma mentira? — Dei de ombros, provocando. — Você praticamente não fez nada além de beijar ela. Foi ela que te chamou pra sair.

Arthur me lançou um olhar cansado.

— E o que você queria que eu fizesse?

Suspirei, largando a postura casual e falando sério.

— Cara, eu sei que você é tímido e tem medo de rejeição, mas ela tava correspondendo. Você devia ter tentado mais.

Arthur se recostou no sofá, balançando a cabeça.

— É fácil falar. Você esqueceu que, quando eu beijei ela da primeira vez, ela disse que eu fui rápido demais e praticamente saiu correndo?

Mordi o lábio, lembrando do que ele tinha contado antes. Não podia negar que ele tinha um ponto.

— Tá, mas o que ela disse depois disso? — perguntei, apontando para ele.

Arthur ficou em silêncio por um momento, pensando. Sabia que eu tinha razão.

— Ela literalmente disse que tinha gostado. Que só ficou nervosa. E você, ao invés de continuar o papo, ficou se desculpando e dizendo que queria ser amigo. Pra que, cara? Você nunca quis amizade com ela.

Arthur olhou para mim, visivelmente desconfortável.

— Eu fiquei com medo... com vergonha, sei lá. Não senti que as intenções dela estavam claras.

Balancei a cabeça, frustrado.

— E agora? O que você vai fazer?

Ele desviou o olhar, mexendo nas próprias mãos.

— Nada. Eu tô com a Melina agora. Isso é o que importa, né?

Senti a hesitação na voz dele, mas decidi não insistir.

— É, importa. — Dei de ombros. — O importante é que você e a Thaiga são amigos agora. Melhor do que se odiarem.

Arthur ficou em silêncio, pensativo.

— É... acho que sim.

Mas eu sabia que ele não estava convencido. E, honestamente, nem eu estava.