Capítulo 2, parte II

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Me desculpe por ter demorado tanto. – o sussurro dela saiu aos poucos. – Me perdoa.

Você me manteve vivo. – apertou suavemente os dedos entre os fios de cabelo dela e fechou os olhos. – Não me peça perdão por nada.

Como... – deitou confortavelmente a cabeça no peito dele. – Como você conseguiu isso?

Pensar que havia perdido você foi como perder o sentido. Me lembro de não reagir, eu apenas... – o olhar perdeu-se ao lembrar-se. – Eu apenas fiquei em silêncio e te tranquei comigo dentro de mim. Me alimentei diariamente das nossas lembranças. – sentiu a mão dela subir até o seu rosto. – Eu não tinha mais nenhuma razão para me preocupar. Noah nunca deixaria a nossa família aqui, eles ficariam bem. – girou o rosto para ela. – Eu queria te encontrar. Mesmo que não fosse nessa vida.

Encostaram os rostos, fecharam os olhos, as respirações se misturaram enquanto os dedos dela seguiam acariciando a bochecha dele.

Ich liebe dich. – disseram em uníssono, e o sorriso formou-se em ambos os lábios.

Ela tomou a iniciativa de beijar demoradamente seu rosto, permanecendo de tal forma durante longos segundos. Seus dedos seguiam deslizando carinhosamente pela bochecha dele, como se assim pudesse fazer tantas declarações em silêncio.

Nunca... – ela manteve os rostos próximos ao falar. – Nunca te senti morto. E insisti por muito tempo nisso, mas... com o tempo acabei me convencendo. Me convenci e me rendi de uma forma que o Noah nunca fez.

Você fez tudo o que poderia ter feito. – secou o rosto dela. – E eu sei disso.

— Dan... – sussurrou e ele assentiu. – Você realmente conheceu o soldado?

Soldado? – franziu levemente o cenho.

Um soldado que tinha as iniciais JL, ele era baixo e... – o ruivo assentiu. – Já sabe de quem estou falando?

Ele estava perto quando eu soube que você estava viva. – fechou os olhos para lembrar-se com precisão. – Começou com uma reportagem, falava muita coisa que eu não me lembro, mas te vi. Depois de tanto tempo, eu te vi. Estava diferente, mas estava ali. Estava viva.

O tempo sem você me fez mudar. – suspirou. – Viver de lembranças não era uma opção.

Loirinha... você fica bem de qualquer forma. – sorriu de leve. – Te reconheceria entre um milhão de pessoas. E o faria sem dificuldade.

— Dan... – mirou-o, esperando que ele abrisse os olhos. – O que mudou ali?

Não foi ali. Foi muito antes. – abriu os olhos para ela. – Nunca mais reagi depois que disseram ter matado você. Eu não tinha mais função ali, mas eles não se livravam de mim. E certo dia, eu os ouvi falar sobre... você se lembra do que conversávamos? Sobre as organizações criminais fora do México?

Odeio dizer que sim. – fechou a expressão.

Eles comentavam que o líder de uma importante organização havia caído e que agora tudo passaria para a filha dele. – disse enquanto ela girava os olhos. – Mas a filha havia se casado com outra peça importante do tráfico. E tudo indicava que marido e mulher não concordavam com uma só abordagem. O poder estava em perigo ali.

E o que isso tem a ver contigo? – perguntou quase como uma reclamação.

Eu ouvi, mas não reagi. E por não reagir, pude ouvir mais e mais... e mais. – ela rapidamente o entendera. – Pensei que se eu não reagisse nunca mais, talvez pensassem que eu já nem mais os entendia.

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