Capítulo 32, parte II

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— Tia... – Marisol colocou a mão sobre o ouvido da morena e sussurrou. – Pede para o seu príncipe trazer a minha mamãe de volta também, ele pode usar o ingrediente mágico. Eu sinto falta dela. – beijou-lhe o rosto. – Te amo, tia Kika!

Dulce sentiu o peito apertar, o coração parecia ter diminuído e se tornado incapaz, diante das necessidades e da tristeza que a menina tinha; o vazio de Marisol era imenso e doloroso.

Os olhos marejaram e ela quis dizer tudo o que sentia pela garotinha, mas a mirada intensa de Dante a distraiu. Levou o rosto para o alemão que, com o sorriso murcho e triste, negou com a cabeça, pedindo que ela não fizesse o que realmente queria.

Dulce sentiu a garganta oscilar, o nó pareceu quase grande demais para ser contido. Ela não podia demonstrar afeto daquela forma por nenhuma criança, ela precisava ser imparcial e cumprir seu dever. Não era sobre ser Dulce, era sobre ser a doutora Kika, ainda que Marisol tivesse um significado especial para ela.

Então beijou carinhosamente o rosto da pequena, lhe sorriu e levantou-se da mesa.

— Vou pedir todos os dias ao papai do céu que você seja uma princesa muito feliz! – Dulce disse, e a pequenina pareceu satisfeita com tal resposta. – Vamos, doutor Peluchin?

— Tio! O ursinho Peluche! – Marisol mostrou o pequeno urso.

— Ora, obrigado, princesa! – colocou o urso em seus ombros e então franziu o cenho. – O que você está dizendo? – colocou o urso perto de seu ouvido. – Hm... sei, sei. – assentiu rapidamente. – Está bem! É você quem manda! – então mirou a menina. – Ele está perguntando se pode ficar mais um pouquinho na sua casa, mocinha. O que você acha?

— Sim! Claro! – sorriu abertamente e ele lhe deu o urso outra vez. – Eu vou cuidar direitinho dele! – colocou os óculos escuros sobre o urso. – Ele vai ficar lindo!

— Divirta-se muito, hein? – Dulce sorriu para ela. – Essa é a sua principal tarefa!

— Pode deixar! – Marisol sorriu, mas logo deixou de fazê-lo. – Tia, e quando eu sentir saudade?

— Hey... – Dulce apontou os óculos. – Lembra-se? – piscou. – É só um pouquinho.

— Uhum. – assentiu, ainda insegura. – Só um pouquinho.

Dulce pegou a mochila e os demais brinquedos, deu um leve aceno para Emelina e Alfonso, e beijou a bochecha de Marisol uma última vezes, antes de finalmente deixar o quarto.

Dante a acompanhou, e assim que fecharam a porta, ele encarou a ex.

— Dul...

— Obrigada. – respirou profundamente e mirou-o. – Por não deixar que eu me envolvesse mais. Eu estava... estava me perdendo ali.

— Eu notei. – tocou-lhe o ombro. – Imagino que não seja nada fácil, agora que você sabe quem ela é.

— Me preparei para hoje, mas... – negou com a cabeça. – Não deu. Foi muito mais forte do que eu pensava.

— Ela é muito valente. – sincero. – E você também.

— Ela me disse que sente falta da mãe. – secou o canto dos olhos. – Não é fácil ouvir uma coisa dessas, Dan. É revoltante não poder fazer nada.

— Você está fazendo. – abraçou-a de lado. – Cada música, cada jogo que fizemos hoje, cada vez que ela sorriu... você fez muito por ela. Pode não ser perfeito, mas não é em vão.

— Dul? – Alfonso abriu a porta do quarto. – Hey!

— Oi! – ela rapidamente virou-se para ele. – Ela está bem?

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