— Combinei que amanhã eu passo lá, mas hoje eu não posso. – disse de forma tão séria, que Dulce não usou mais perguntar o motivo.
— Ok. Como preferir. – respondeu baixo.
— O ponto, é que ele me disse que, quando você ligou, te sentiu um pouco... – mais uma vez a longa pausa. – Nervosa? Ou algo tipo... em dúvida, talvez.
— Por quê? – concentrou os olhos na tela do celular.
— Pela relação com o Christopher. – disse diretamente. – Ele me disse isso num sentido de que estava preocupado com você e pensou que, talvez, você pudesse se abrir comigo.
— Hm. – soltou a mão do homem e coçou levemente a cabeça.
— Como se você estivesse mais nervosa do que o costume, sabe? E era só para fazer um pedido simples de almoço. – explicou-se. – Entende o que eu quero dizer?
— Entendo. – ficou em silêncio por alguns instantes, e desejou que tivesse atendido a ligação fora do viva-voz. – É...
— Quer conversar sobre isso? – ofereceu-se. – Talvez falar em voz alta te ajude a entender qualquer que seja a confusão que está se passando aí dentro. Porque uma grande festa e tanta alusão ao primeiro encontro pode ter... sei lá, pode ter gerado uma pressão maior.
— Não, eu não estou pressionada, digo... – arfou. – Eu estou ansiosa. Não estou confusa, não estou nervosa e nem em dúvida, eu acho que tudo me deixou realmente bastante ansiosa.
— Por quê? – a pregunta soou suave. – Já pensou sobre isso?
— Estou pensando, na verdade. – disse, e sabia que ele dedicava os ouvidos e parte dos olhares para qualquer coisa que ela dissesse. – E acho que é normal, não estou me cobrando muito por sentir isso.
— Claro. – disse baixo, apenas como um incentivo para que ela não parasse.
— Já se passou muito tempo desde que eu tive um namoro... normal, por assim dizer. Com coisas normais, problemas típicos de convivências, alguns planos a curto, médio e longo prazo, sabe? – encarou a rua por alguns segundos. – Quando conheci o Alex, em fevereiro, as coisas saíram bastante do controle, porque até hoje ainda não entendo que tipo de química maluca bateu em nós ali e nem como é possível que ainda continue. – deu de ombros. – Mas tudo o que houve com a gente até junho, foi como um experimento. Nós não sabíamos se daríamos certo, se ele seria eleito, que tipo de pressão isso daria a ele e a nós mesmos. Estávamos descobrindo sentimentos e, ao mesmo tempo, fazendo planos muito intensos. Foi algo verdadeiro, mas foi cheio de incertezas, de expectativas de como seria se acontecesse uma coisa ou outra, de pensar em relacionamento não apenas porque queríamos, mas porque isso poderia favorecer a carreira dele, entende? Era uma pressão.
— Foi uma pressão grande. E eu tenho consciência de que fui a pessoa que mais contribuiu para isso. – sincera. – Acho que te devo desculpas por tudo. E não apenas a vocês, porque até hoje temos Maite e Christian pagando por isso também.
— Sim. Com certeza. – mirou o homem por um instante. – Sofremos muito. Nós quatro, mas também você. Tudo o que houve entre você, Poncho e Noah... acho que ninguém saiu ileso nessa história.
— Definitivamente. – disse baixo. – Eu poderia ter mudado muita coisa.
— Talvez. Mas agora não adianta pensar no que poderia ter sido. O passado é história, é pra frente que se anda. – pigarreou. – E acho que Alex e eu temos novas coisas para descobrir nessa fase.
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Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...