Capítulo 27

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Capítulo 27

Christopher acordou ao final do toque do despertador, seu corpo estava cansado pela maratona de entrevistas no dia anterior, as horas de viagem, e até mesmo a corrida feita no domingo.

Girou-se na cama e passou algum tempo em silêncio, lembrando-se de como o pai o olhara com esperança, durante as entrevistas. Walter repetira diversas vezes, e com o orgulho desenhado claramente em seu rosto: este é o meu filho Christopher, eleito com folga em seu primeiro mandato como senador. É o meu orgulho!

Christopher passara a vida buscando a aprovação do pai, o que mais sonhara era com o dia em que Walter o olharia exatamente daquela forma, e proferiria aquelas palavras, com o exato orgulho e esperança com que o fizera.

Agora ele tinha tudo o que sonhara, então por que o sentimento de felicidade não conseguia preencher o vazio que levava dentro de si?

Tinha amigos, mas não parecia ser o suficiente. Tinha o senado, mas não parecia ser o suficiente. Tinha a aprovação do pai e, de novo, não parecia ser o suficiente.

Pensou em Dulce e no quanto seria diferente tê-la consigo, a jornalista jamais o deixaria passar tantos dias vivendo de modo infeliz, ela já o teria feito recuperar a alegria e a rotina bem equilibrada de antes. Ela o teria lembrado de como valia à pena amar a si mesmo.

Fechou os olhos, o que faltava era reencontrar o amor-próprio que perdera durante a maluca e intensa corrida ao senado. Simplesmente deixara de ser ele mesmo. E no instante em que se perdera de si, perdera automaticamente tudo ao seu redor.

O celular vibrou ao seu lado, Christopher esticou o braço e puxou o aparelho para si, vendo o nome do irmão na chamada de vídeo.

— Fala, Poncho! – passou a mão pelo cabelo bagunçado.

— Que vida boa é essa, cara? – riu ao vê-lo. – Nosso velho te deixou dormir até tarde? Se eu soubesse que seria moleza assim, até teria aceitado.

— Ainda dá tempo de você vir! – Christopher aproveitou a brincadeira, e o irmão apenas riu e negou com a cabeça.

— Quanto menos política para mim, melhor. Não vou durar muito tempo nisso. – pousou o telefone na mesa. – Falando sério, está suportável por aí?

— Está tranquilo. Uma bateria interminável de entrevistas, sorrisos para todo lado, possibilidades pequenas de parcerias a curto prazo. – deu de ombros. – Isso tem muito mais a ver com a possibilidade do pai para a presidência daqui a alguns anos, do que qualquer benefício para o meu senado agora.

— Acha mesmo que eles podem ser relevantes para a presidência? – olhou-o com surpresa.

— Os dois governos estão enrolados até o pescoço. – girou os olhos. – Vamos ver com o Zapata se desenrola na presidência do México, mas honestamente... não crio muitas expectativas.

— Eu não sei nem como é que foi que ele ganhou. – bufou ao final. – Enfim, eu não liguei para isso.

— Ligou para debochar de mim, suponho. – disse, e Alfonso riu baixo.

— Isso também, cara! – entrou na brincadeira. – Mas na realidade, liguei porque esse fim de semana vou levar a Marisol para a quimio.

— De novo? – Christopher sentou-se na cama. – Tão rápido assim?

— É... – coçou a cabeça. – Ela está respondendo bem ao tratamento, mas há dias e dias, você sabe.

— Como ela está hoje?

— Acordou amuada. Não queria comer, não queria conversar, não queria nada do que oferecíamos. – arfou. – Falei da ida à quimio no fim de semana, e aí deu uma animada pouca, falou muito da Dulce.

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