Capítulo 17

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Capítulo 17

O mês de julho se aproximava do fim, e naquela última semana, Dulce tivera o progresso mais intenso desde sua saída do hospital.

Vira Dante apenas duas vezes, mas falava com ele diariamente. Voltara a trabalhar na editora, e sua agenda rapidamente encheu-se de compromissos.

As conversas ao telefone com Maite eram constantes, e no meio da semana, tal encontro tornou-se pessoal, encerrando-se com um café ao final do expediente de ambas.

Diferente de tudo o que um dia imaginara, a pessoa que mais vira em todos aqueles dias, fora Anahí. As conversas e convivência com a loira eram diárias, e aos poucos, até parecia que deixavam de implicar tanto uma com a outra; seria aquele o início de uma solução para ambas?

Fernando funcionava como verdadeira ligação entre elas, sempre atento às necessidades de Dulce, e agora disposto a dar a Anahí o carinho que a loira jamais conhecera. Dulce nada comentava, mas não escondia o sorriso sempre que o pai pedia que ela chamasse Anahí para participar de um momento em família.

Aquele desejo de Dulce tão forte por sexo também fora sanado, e a solução se dera com os vibradores escondidos pelo quarto. Se a morena não podia contar com Santiago, preferia não contar com mais ninguém. Afinal, ela queria aliviar a tensão e não encontrar mais problemas por aí, tinha claro em sua mente que se envolver com qualquer pessoa a colocaria em confusão.

Christopher, por outro lado, caminhava em direção oposta ao caminho que a morena escolhera. Não sabia mais como resolver sua vida pessoal e, portanto, as visitas de Ariel aconteceram duas vezes durante aquela semana. Não conseguia esquecer Dulce, e forçava-se a buscar na amiga o refúgio para não pensar na morena.

O plano, evidentemente, falhava toda vez, ainda que ele não tivesse coragem de confessar tal óbvio fato. Samay evitava comentários, a senhora agora resumia-se apenas a olhares de reprovação.

A relação com Alfonso, entretanto, parecia ser a única que resistira ao tempo. Os irmãos haviam se aproximado ainda mais, as ligações eram frequentes, e as visitas ainda mais. Marisol havia se encantado pelo tio, todas as noites pedia que Alfonso ligasse para Christopher, e assim a pequena passava longos minutos contando para o senador tudo o que fizera durante o dia. Christopher, é claro, a escutava com interesse e atenção.

Na sexta-feira, sem poder conter mais a agitação da filha, Alfonso levou a menina para visitar Christopher, já no final da tarde.

O resultado? Tio e sobrinha deitados no sofá, comendo a torta salgada que Samay fizera.

― E agora? – Marisol terminou o desenho na pequena lousa branca e mostrou para o homem.

― Hmm... – Christopher fingiu pensar, e a menina acomodou-se melhor em seu colo. – É um castelo com seres mágicos no céu! – ela gargalhou ao ouvi-lo. – O que? Não é isso, não?

― Não, são passarinhos! – ela forçou a caneta na lousa. – E muitas, muitas, muitas estrelas!

― Mari... – Alfonso sentou-se no sofá ao lado do irmão. – Você já contou ao tio Christopher o que fará amanhã?

― Amanhã? – ela parou de desenhar. – Ah! Amanhã a gente vai começar a tirar o bichinho mau daqui de dentro. – apontou para si mesma.

― Isso aí! – Alfonso sorriu. – Vamos começar a sua quimioterapia.

― E eu vou sarar! – ela sorriu ao final. – Tio Christopher, você vai comigo?

― Eu? Ah... claro! – ele então assentiu. – Claro que vou! Prometo segurar a sua mão, tá bom?

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