Capítulo 36

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Capítulo 36

Christopher conhecia bem o que significava uma briga com Dulce, já havia passado por algumas com a morena, mas jamais pensara que não tivessem solução.

Naquela terça-feira, entretanto, sentia que a história com ela havia chegado ao final. A escutara reclamar tantas vezes, chegaram a discutir e ter opiniões e pontos completamente opostos, mas dessa vez... dessa vez ela fora dura, intensa, decidida; ela não voltaria atrás.

As palavras ditas ainda ecoavam em sua mente, a firmeza com que ela ditara que não tinham mais futuro juntos; negava-se a acreditar.

Mas falar não adiantaria mais. Não seria possível convencê-la, não seria possível declarar-se, não seria possível argumentar; a estratégia seria outra. Se ele quisesse lutar por ela, teria que fazê-lo de outra forma.

Estava disposto? Sopesou a decisão dentro de si.

Concentrou-se no trabalho, passou o dia todo entre reuniões, e somente descansou ao final da última delas, quando voltou para o apartamento, e precisou apressar-se para o jantar de aniversário de Alfonso.

Levou o presente que comprara para o irmão e pediu que Dario o deixasse no local e não o esperasse, voltaria com a moto que deixara com o homem Poncho há duas semanas.

— Finalmente! – Alfonso sorriu ao abrir a porta para recebe-lo. – Achei que havia me esquecido!

— Até parece, brother! – abraçou-o em seguida. – Não pude ir ao almoço, mas não perderia o seu jantar. Feliz aniversário, meu irmão. Te amo!

— Obrigado por ser presente! – Alfonso lhe bagunçou o cabelo. – Amo você, moleque!

— Também não faça assim! – desviou-se do irmão. – Porra! Como foi o almoço com o pai e a mãe?

— O de sempre, né? – deu de ombros e fechou a porta da casa. – O pai tentando me convencer a apoiá-lo, mamãe se esforçando para manter um bom clima em família.

— Hm. – deu de ombros. – Foi difícil convencê-los a não ficar para o jantar?

— Quase impossível! – girou os olhos. – Mas no final, graças a Deus, Anthony ligou e tiveram que voltar para Nuevo León, então não poderiam ficar para o jantar, de qualquer forma.

— Ele quer o apoio para a lei de auxílio a quem volta para o país. – Christopher comentou.

— Ele me disse. Está com o apoio da Roberta, inclusive. – riu e o encarou. – Como você pôde apoiar uma palhaçada dessas?

— Ele já estava com a decisão tomada! – bufou. – A chamou para um almoço, eu fiquei sabendo depois. Ela declararia o apoio independente da minha decisão.

— Então que declarasse sem você. – arqueou as sobrancelhas. – O povo que ficou aqui é quem verdadeiramente sofre, cara. Tem gente que está na rua, e não é por tentar a vida fora, é por não ter suporte aqui! – negou com a cabeça. – Esse apoio da Roberta é perda de tempo. Ele ficou de cara virada comigo, mas deixei bem claro que não vou apoiar projeto algum. Vou seguir com a proteção para os que estão aqui agora, para o povo que realmente precisa!

— Apoiar não é trabalhar por ele. – Christopher resmungou. – Não precisa fazer nada por ele, apenas diga que está com ele.

— E que apoio um projeto que é encabeçado pela Televisa e por uma atriz branca, bonita, de classe média e que protagoniza novelas e campanhas milionárias? – encarou-o. – Você quer me dizer que ela representa o povo? O nosso povo que é predominantemente moreno? E que qualquer pesquisa dos últimos anos te comprova que os brancos tem mais opções e um grau de escolaridade maior que os demais? – negou com a cabeça. – Brother, que tipo de dificuldade Roberta teve ao voltar? Veio para fazer uma campanha cara e ficou porque pegou uma novela com papel mais caro ainda! – estalou a língua. – Dulce, sua ex-noiva, que nem é considerada classe baixa, não é hoje capaz de ter um carro próprio. Um carro, brother! E Roberta, que mal voltou, já está com BMW. – encarou-o. – O pai quer a presidência, e eu espero que ele consiga e se complete com isso, mas não vou ceder mais e nem enganar um povo que conta comigo. Pelo menos enquanto eu estiver nessa merda de política.

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