Capítulo 53, parte III

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Dulce inclinou o corpo para ele e o abraçou, deslizou os braços ao redor do pescoço dele e lhe acariciou os cabelos enquanto lhe beijava seguidas vezes o pescoço.

Então subiu até a bochecha, depositou mais alguns beijos sobre o local, e logo os lábios caíram sobre os dele. Beijou-o de leve, sem malícia, mas com carinho e calma.

— Obrigada por confiar em mim. – sussurrou sem soltá-lo. – Eu valorizo os seus sentimentos, a sua história, a sua confiança. Eu posso não ser perfeita, mas valorizo, aceito e respeito o que você sente e pensa. – lhe deu outro selinho. – Entendo o seu lado. E te amo. Eu te amo muito, da maneira que você é, com a família que tem, com os pensamentos que possui. Da qualidade ao defeito, eu te amo por inteiro.

— Eu amo você. – uma única lágrima escapou, e Dulce beijou a gotinha antes que a mesma escorresse por todo o rosto do homem. – Por isso confio e por isso falo o que tem me custado tanto aceitar. Isso me mata por dentro.

— Tomar consciência do mundo ao nosso redor e das ações daqueles que amamos, não nos torna melhores do que ninguém. No final das contas, todos somos luzes e sombras. – acariciou o cabelo dele. – Meu pai mentiu para mim por anos, mentiu sobre a minha mãe, sobre a minha genética. Mas ele é o meu pai e eu o amo, sabendo que ele é capaz de mentir para me proteger do que ele acredita ser ruim, mas de novo: eu o amo. E o amo por tantas outras coisas que ultrapassam, e muito, esse erro. – sentiu a voz embargar. – Anahí... ela... ela mente tanto que talvez nem saiba mais como falar a verdade, ela possui atos duvidosos, eu tenho certo medo do que ela é capaz de fazer para defender a verdade dela, mas...

— É sua irmã.

— Ela é minha irmã. – assentiu. – E eu a amo, amo os pequenos momentos com ela, amo ensiná-la a amar, a ser cuidada a receber um abraço. E com o tempo, sei que ela substituirá o hábito ruim que foi reforçado durante toda a vida, por um sentimento bom. Cabe a mim ajudá-la, ao meu pai, a você... podemos ajudá-la a melhorar.

— Eu estou disposto. – disse sincero. – De verdade. Sabe que eu gosto dela.

— Sim, eu sei. – deu um último selinho nele. – E dessa mesma forma, acredito que o seu pai seja bom, que seja a pessoa carinhosa e boa que te criou. Como político ele pode não ser o que você esperava, e isso é algo que você terá que aprender a separar, mas não deve deixar de amá-lo, porque... ele é o seu pai. Ele é parte de você. – deslizou a mão sobre o braço dele lentamente. – Está no sangue, não vai mudar. Eu não consigo me identificar com a minha mãe, mas sei que ela existe e que tenho parte dela, ainda que eu não concorde. Algo de bom ela há de ter, ou teve, porque meu pai confiou nela, e eu confio nele.

— É fácil pintar uma qualidade ou defeito a alguém que não conhecemos, acho que você consegue fazer isso mais simples com a Anna. – opinou com certo receio, mas a morena apenas concordou. – Eu cresci com o meu pai, e mudar o que eu vi a vida inteira, me custa muito mais. Assim como acho difícil que a Ani consiga mudar a imagem que ela tem da Anna, porque jamais será comparada ao que ela foi para você.

— Eu tenho consciência disso. Seria um choque para a Ani comprovar, por A + B, que a Anna não é quem ela pensa. – disse, e não pôde evitar pensar nos encontros que já tivera com a loira. – Ainda mais agora, lidando com o bebê e sem o Noah por perto.

— Te confesso algo? – perguntou e a morena assentiu rapidamente. – Apenas entre nós.

— Tudo isso é apenas entre nós. – Dulce fez questão de reforçar.

— Estou fazendo algo que a Anahí não sabe. – passou a mão pela nuca ao confessar. – Apenas a Lú sabe, porque ela pode me ajudar.

— Quem você está procurando? – tornou-se séria. – Christopher, isso é perigoso!

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