Capítulo 10, parte V

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― Sabe quando senti que cheguei ao senado? – interrompeu-a outra vez.

― Quando? – arqueou as sobrancelhas.

― Há uma hora e meia... – deu de ombros. – Duas horas atrás.

― Há duas horas? – pensou. – Mas...

― É. Quando estava no elevador contigo. – ela o olhou com espanto. – E você disse o quanto estava orgulhosa. Foi a primeira vez que tudo fez sentido.

― Não deveria ter sido. – aproximou-se outra vez. – Eu só disse uma verdade.

― Muita coisa perdeu o sentido, María. – acalmou a voz e desviou o olhar. – Não houve razão para comemorar.

― Me desculpe. – disse, mas ele deu de ombros.

― Podemos não falar mais disso? – não a olhou ao perguntar.

― Agora você sente que chegou, não é?

― Dulce! – reclamou. – Podemos não falar mais disso?

― Você sente ou não? – ele bufou ao ouvi-la. – Sente ou não?

― Sinto, Dulce, sinto! – irritou-se. – Sou senador! Ótimo! – girou os olhos. – Agora você pode parar, por favor?

― Preciso de uma gravata azul sua. – disse firme.

― Que tipo de pedido é esse? – olhou-a de soslaio.

― Não me questione, Alex. – arqueou as sobrancelhas. – Me dê uma gravata azul, pode ser?

― Para que? – então a olhou.

― Me dê uma gravata azul. – apontou as escadas. – Pode pegar ou vou ter que ir buscar? Sei bem o caminho.

― Eu vou buscar. – bufou e levantou-se. – Não entendi os seus motivos, mas vou buscar.

― Muito obrigada, seu velho reclamão! – disse alto, e ele girou os olhos enquanto subia desanimadamente as escadas. – Eu quero azul!

― Eu já entendi! – reclamou enquanto caminhava até o quarto.

Ela olhou tudo ao redor e levantou-se com pressa. Correu ao bar, pegou diversa garrafas de bebida e voltou para a sala.

Retirou os objetos da mesa, colocou duas caixas ali e uma garrafa fina ali. Depois espalhou no sofá as demais garrafas e almofada que dera para ele.

― Pronto. – ele voltou para a sala. – Trouxe a grava... – parou de falar e olhou a bagunça que ela fizera. – María...?

― Olá. – foi até ele.

― O que é isso? – apontou a sala.

― Não reconheceu? – pegou a gravata da mão dele.

― Deveria? – olhou-a com espanto.

― É um palanque, Alex! – apontou a mesa. – Vamos comemorar a sua vitória hoje.

― Perdão? – riu dela. – O que?

― Vamos comemorar a sua vitória hoje. – passou a gravata pelo pescoço dele. – Do jeito que ela deveria ter sido comemorada, na verdade.

― Não podemos fazer isso agora! Isso... – parou de falar ao vê-la fazer o nó na gravata.

― A vitória deve começar por dentro, e você a sentiu agora. – disse de forma natural. – E eu prefiro você de azul, então...

― María... – sussurrou.

― É assim que eu teria pedido para você se arrumar. – apertou o nó da gravata e então apontou a mesa para ele. – Por favor, senador. Nos dê as suas primeiras palavras.

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