Capítulo 6
— Abra a boca. – Fernando colocou mais um pouco da comida na colher.
— Quando vai entender que eu cresci? – Dulce bufou e abriu a boca.
— Nunca. – lhe deu a comida. – Será sempre a minha bebê.
— O anão é você! – reclamou de boca cheia. – Eu sou grande!
— Olhe só como você fala com o seu pai! – ele fingiu seriedade e logo acabaram rindo juntos.
— É o meu anãozinho preferido. – ela então sorriu. – E só eu posso chamar assim.
— Você pode tudo, minha filha. – colocou mais comida na colher. – Abra a boca.
— Hm. – girou os olhos e fez o que ele pedira.
— Já está acabando. – lhe deu a comida na boca. – Mais uma colherada e terminaremos isso.
— Eu bati a cabeça, mas estou bem. Ainda posso comer sozinha, posso andar, posso falar, posso fazer qualquer coisa. – disse, e ele apenas riu baixo. – É sério, pai.
— Ainda não entendo como é que você caiu dessa forma. – disse inconformado.
— Eu tropecei. – deu de ombros. – Já disse. Fui ao banheiro e tropecei sozinha, você sabe como sou desastrada.
— Eu sei que é, mas isso foi muito sério, minha filha. – mirou o curativo na testa dela. – E poderia ter sido pior.
— Poderia, mas não foi. – pegou os copos de água. – Eu estou bem. Brindamos?
— Você vai terminar de comer primeiro. – mostrou o prato de comida.
— Um brinde, pai. – lhe deu o copo de água. – Anda.
— O que eu não faço por você, hein? – ele pegou o copo de água, brindou com a morena e bebeu em seguida. – Está muito mimada.
— Você me criou assim. – brincou.
— Anda, não me enrole. – devolveu o copo para ela. – Guarde isso e abra a boca.
— Quando chegarmos em casa, eu quero comida da Reme. – abriu a boca e ele lhe deu a última colherada. – Não aguento mais essa comida de hospital! – colocou o copo na mesa ao lado.
— Mastigue de boca fechada, menina! – riu e entregou o prato vazio para ela. – Coloque ali, por favor.
— Hm. – colocou o prato ao lado dos copos. – Reme vai cozinhar? Sim ou não?
— Mas é claro, não é, Dulce María? – então lhe sorriu. – Ela pergunta de você todos os dias, se dependesse dela, acho que viria cozinhar dentro deste quarto.
— Eu adoraria. – terminou de mastigar.
— Vamos normalizar a nossa vida hoje. – comentou esperançoso. – Assim que a doutora Morgado assinar a sua alta, vamos voltar para casa e retomar uma vida normal e sem agitação política. Reme já arrumou o seu quarto, eu já organizei as suas coisas, liguei no seu trabalho e seu chefe disse que sua vaga ficará guardadinha para quando você quiser voltar. Eu também já falei com o Santiago. – então sorriu. – Ele virá nos buscar e vai me ajudar com freelas para aumentar a renda em casa. Maite já me ligou hoje, disse que passa para te ver assim que chegarmos. – mirou a filha. – Eu disse que havíamos tido um pequeno imprevisto e que você só seria liberada a noite, mas ela manteve a visita mesmo assim. – suspirou. – Sabe, minha filha, a vida não nos dá tudo o que queremos, por isso precisamos nos cercar de pessoas realmente boas. Santiago é muito bom, Maite, Remedios... aquele outro espanhol que ficou aqui um tempão. – pensando. – É... ah, sim! Galán. – riu sozinho. – Nome gozado esse, não é mesmo? Mas ele é uma boa pessoa. Temos que nos cercar disso, de gente que nos ajuda e nos fortalece. A vida é difícil demais para passarmos sozinhos por ela.
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Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...