— O que era mais importante? – manteve o olhar contra o dele e as testas encostadas. – O que era mais importante, Poncho?
— A minha filha. – respondeu baixo.
— Que? – afastou-se imediatamente dele. – Sua o que?
— Pronto! O café está servido! – Samay voltou para a sala, interrompendo o clima tenso entre os irmãos.
Christopher passou o restante do café da manhã inquieto, com a expressão confusa e os pensamentos agitados enquanto Alfonso conversava com Samay com naturalidade, como se tivesse frequentado o apartamento normalmente nos últimos dias.
Assim que terminaram de comer, Christopher levantou-se apressadamente da mesa, incentivando o irmão a fazer o mesmo.
Seguiram em silêncio para o escritório do senador e Christopher trancou a porta para que Samay não os interrompesse outra vez.
— Poncho. – encostou-se à mesa. – Comece a falar, porque eu não... eu não consegui digerir nada do que você disse.
— Eu tenho uma filha. – sentou-se no sofá. – Na realidade, eu descobri que eu tenho uma filha.
— Como isso? – cruzou os braços. – De onde surgiu isso? Com quem você tem essa filha? Nada disso faz sentido.
— Eu sei, eu também achei tudo um absurdo, mas... – levou as mãos ao rosto. – Mas é isso, cara, é real. Eu tenho uma filha.
— Com quem, Poncho? – perguntou incrédulo. – Com quem? Com...
— Com a Mencía! – disse mais alto e o irmão arregalou os olhos. – Com a Mencía.
Christopher encarou-o por alguns segundos, tentava pensar em alguma resposta, em uma boa palavra, mas nada do que cogitava parecia ser o suficiente diante daquela situação.
Então permaneceram em silêncio. Christopher pensava, Poncho refletia. Não se encaravam.
— Comecei a receber ligações de um número desconhecido pouco tempo depois que conversei com a Dulce, em Nuevo León. – passou a explicar, atraindo a atenção do irmão. – Eu tentava atender, mas sempre acabava perdendo a ligação. Naquele ponto, eu já vinha repensando o meu casamento com a Jimena, e cheguei a falar disso com a Dulce.
— Hm. – arqueou levemente uma sobrancelha.
— Acho que vê-la ali... – pareceu lembrar-se de tal momento. – Ver o quanto ela era louca por você, isso...
— Não fale do quanto Dulce parecia me amar. – interrompeu-o. – Não agora.
— Mamãe me disse que as coisas estão estranhas entre vocês. – comentou com certo receio.
— As coisas não estão estranhas, porque para ficarem estranhas, ela precisaria me ver. E nem isso ela fez, ou seja... – deu de ombros. – Não existe clima. Mas isso não importa, eu não sou o foco aqui, eu não apareci com uma filha com a minha ex.
— Christopher... – passou as mãos pelo rosto e respirou fundo. – Não me interprete mal, mas entre nós dois, você ainda tem mais sorte do que eu. Porque Dulce pode até não desejar te ver, mas pelo menos você sabe quem ela é. Dulce não mente, não engana, ela não é uma atriz.
— E isso...? – manteve-se parado.
— Sentei para conversar com a Jimena sobre um possível divórcio, porque movido pelo impulso idiota de ver a Dulce contigo, pensei que a Anahí e eu... – o irmão o olhou com surpresa. – O que? Gostava dela! Eu a amava! Pensei que eu era a única pessoa que atrapalhava a minha felicidade, e que se eu tomasse uma atitude, ela cederia e teríamos... nós poderíamos ter o que você e Dulce tinham.
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Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...