Capítulo 10, parte III

565 54 89
                                    

― Você não... não vai... – viu-o fechar os olhos. – Atender?

― Pretendia te beijar. – os lábios tocaram o canto dos dela. – Já não sou um estranho. Você deixa?

Ela entrecerrou os olhos, não queria lutar contra o que sentia e estava prestes a ceder, mas escutar o toque do interfone outra vez, a fez pensar que talvez o porteiro já estivesse tentando tal comunicação há algum tempo, e provavelmente a resposta enviada ficara presa na portaria.

― Você deveria atender. – subiu as mãos ao peito dele, forçando-o a afastar-se. – É melhor.

― Dulce. – optou pelo primeiro nome, não conseguia compreendê-la. – Eu estou tentando aqui.

— Eu também. – jogou a cabeça para o lado, na direção do interfone. – Pode atender?

— Certo. – disse , visivelmente contrariado, e então afastou-se dela.

A morena deu um leve sorriso, já havia se esquecido de como achava graciosa a maneira como ele se irritava quando era contrariado.

Desencostou-se da estante e seguiu o mesmo caminho que o senador até que chegasse à cozinha, e o viu encerrando a ligação.

— O porteiro disse que tem um pacote lá embaixo. – mirou a morena, que ficou parada na porta da cozinha.

— Então você deveria pegá-lo. – deu de ombros.

— Dulce. – ele passou a mão pelo cabelo e respirou fundo, a morena riu. – Você está rindo disso, é sério?

— Alex. – foi até ele e o empurrou até a porta. – Vá até a portaria!

— Eu estou tentando falar com você! – reclamou enquanto ela seguia empurrando-o.

— E vamos fazer isso em seguida. – fez mais força para empurrá-lo. – Não vou sair daqui.

— Dulce. – virou-se para ela e ela voltou a empurrá-lo, fazendo-o caminhar de costas. – Pode parar com isso, por favor?

— Pode descer até a portaria, por favor? – abriu a porta do apartamento.

— Dulce! – olhou-a com espanto.

— Christopher! – apontou o lado de fora.

Ele girou os olhos, irritado, e buscando forças para não perder a paciência com ela. Deixou o apartamento sem olhar para trás, e não cedeu quando a ouviu rir com deboche pelo comportamento dele.

Dulce fechou a porta outra vez, puxou o ar, respirou e inspirou profundamente, e então caminhou até o bar tão conhecido para ela.

Olhou-se no espelho, arrumou o cabelo despenteado e passou a ponta do indicador pelo canto dos olhos, secando o pouco do lápis borrado.

Lembrou-se das vezes em que estivera com o noivo ali, o sorriso formou-se de maneira involuntária ao pensar no que viveram, e ela sentiu o rosto ruborizar ao pensar nos beijos trocados e nas vezes em que se amaram.

Avistou a tequila e imediatamente pensou que o álcool a ajudaria a tomar coragem para encarar o senador da maneira que deveria.

Pegou a garrafa, puxou o pequeno copo para si e o encheu rapidamente.

Uma dose. Duas doses. Três doses.

― E mais! – virou a dose rapidamente. – Argh! – chacoalhou a cabeça.

— Dulce! – a voz dele soou tão alta, que a morena apenas pôde rir. – María?

— No bar! – virou-se e encostou-se de lado na bancada. – Foi lá?

Jogada ParalelaOnde histórias criam vida. Descubra agora