― Você não... não vai... – viu-o fechar os olhos. – Atender?
― Pretendia te beijar. – os lábios tocaram o canto dos dela. – Já não sou um estranho. Você deixa?
Ela entrecerrou os olhos, não queria lutar contra o que sentia e estava prestes a ceder, mas escutar o toque do interfone outra vez, a fez pensar que talvez o porteiro já estivesse tentando tal comunicação há algum tempo, e provavelmente a resposta enviada ficara presa na portaria.
― Você deveria atender. – subiu as mãos ao peito dele, forçando-o a afastar-se. – É melhor.
― Dulce. – optou pelo primeiro nome, não conseguia compreendê-la. – Eu estou tentando aqui.
— Eu também. – jogou a cabeça para o lado, na direção do interfone. – Pode atender?
— Certo. – disse , visivelmente contrariado, e então afastou-se dela.
A morena deu um leve sorriso, já havia se esquecido de como achava graciosa a maneira como ele se irritava quando era contrariado.
Desencostou-se da estante e seguiu o mesmo caminho que o senador até que chegasse à cozinha, e o viu encerrando a ligação.
— O porteiro disse que tem um pacote lá embaixo. – mirou a morena, que ficou parada na porta da cozinha.
— Então você deveria pegá-lo. – deu de ombros.
— Dulce. – ele passou a mão pelo cabelo e respirou fundo, a morena riu. – Você está rindo disso, é sério?
— Alex. – foi até ele e o empurrou até a porta. – Vá até a portaria!
— Eu estou tentando falar com você! – reclamou enquanto ela seguia empurrando-o.
— E vamos fazer isso em seguida. – fez mais força para empurrá-lo. – Não vou sair daqui.
— Dulce. – virou-se para ela e ela voltou a empurrá-lo, fazendo-o caminhar de costas. – Pode parar com isso, por favor?
— Pode descer até a portaria, por favor? – abriu a porta do apartamento.
— Dulce! – olhou-a com espanto.
— Christopher! – apontou o lado de fora.
Ele girou os olhos, irritado, e buscando forças para não perder a paciência com ela. Deixou o apartamento sem olhar para trás, e não cedeu quando a ouviu rir com deboche pelo comportamento dele.
Dulce fechou a porta outra vez, puxou o ar, respirou e inspirou profundamente, e então caminhou até o bar tão conhecido para ela.
Olhou-se no espelho, arrumou o cabelo despenteado e passou a ponta do indicador pelo canto dos olhos, secando o pouco do lápis borrado.
Lembrou-se das vezes em que estivera com o noivo ali, o sorriso formou-se de maneira involuntária ao pensar no que viveram, e ela sentiu o rosto ruborizar ao pensar nos beijos trocados e nas vezes em que se amaram.
Avistou a tequila e imediatamente pensou que o álcool a ajudaria a tomar coragem para encarar o senador da maneira que deveria.
Pegou a garrafa, puxou o pequeno copo para si e o encheu rapidamente.
Uma dose. Duas doses. Três doses.
― E mais! – virou a dose rapidamente. – Argh! – chacoalhou a cabeça.
— Dulce! – a voz dele soou tão alta, que a morena apenas pôde rir. – María?
— No bar! – virou-se e encostou-se de lado na bancada. – Foi lá?
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Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...