Capítulo 14, parte IV

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Dulce franziu o cenho, e estava disposta a questionar a atitude da loira, mas ao sentir que ela a apertava com tanta firmeza, perdeu a coragem e simplesmente deitou a cabeça sobre o ombro da mulher.

― Você estava sozinha antes. – Anahí sussurrou, sem soltá-la. – Não está sozinha agora. Não estará nunca mais.

― Fique aqui. – só então passou os braços pela cintura dela. – Não importa o que diga aquele exame de DNA, fique.

Não disseram mais nada, e sabiam que não precisavam, já haviam dado significativos passos na caminhada daquela relação juntas.

Dulce beijou demoradamente o rosto da loira, então afastou-se, colocou a bolsa no ombro e deixou a caixa sobre o banco do carro, sabia que era melhor que o material ficasse com Anahí.

Deu um leve sorriso e deixou o automóvel, acenando uma última vez para a loira antes de entrar no prédio.

Subiu em silêncio até o apartamento, entrou pé por pé no local, mas riu ao notar que o pai ainda estava acordado e assistia televisão na sala.

― Pensei que estaria dormindo. – ela riu e foi até ele, beijando seguidas vezes a bochecha do homem. – Tudo bem por aqui, paizinho?

― Tudo bem, minha filha. Por onde você andava?

― Fui encontrar o Dan e a Ailin. – sentou-se ao lado dele. – Anahí passou para nos ver, nós comemos uma pizza e ela me trouxe pra casa.

― Hm. – ele lhe tocou o rosto. – E você está bem? Ela está bem?

― Sim, tudo bem. – virou o rosto para o lado e beijou os dedos dele. – Ela não é tão ruim quando não está falando de política.

― Vejo que estão começando a se dar bem. – sorriu para a morena.

― Talvez. – deu de ombros. – No final das contas, ela não é culpada de nada, é só uma consequência. Como eu.

― Dê tempo ao tempo, meu amor. – piscou. – O tempo é o melhor solucionador de problemas que existe.

― Eu sei. – arfou. – Talvez você também devesse dar uma chance à ela, digo... provavelmente você será avô. – beijou o rosto dele. – Vou dormir, paizinho.

― Descanse, meu amor. – disse compreensivo. – Eu vou logo. Amo você!

― Eu te amo também. – levantou-se e pegou a bolsa. – Pai?

― Sim, meu bem? – olhou-a.

― Talvez o Anthony não tenha sido um pai tão bom assim, mesmo com a fortuna toda que tem. – disse, e viu o homem dar um leve sorriso. – O seu coração vale muito mais. – piscou e então saiu da sala.

Seguiu até o quarto, trancou a porta e encostou-se sobre ela, fechando os olhos ao lembrar-se da conversa com Anahí, das palavras de Dante, e da consulta com a terapeuta; havia tanto a ser remexido dentro de si.

Alexa... – reuniu coragem. – Enviar uma mensagem para Alex meu favorito.

Desculpe, estou com problemas para fazer isso. Tente novamente mais tarde.

― Deus... – riu sozinha. – Talvez seja um sinal. – negou com a cabeça, deixou a bolsa na cama e seguiu para o banheiro.

Há certas coisas que somente Deus pode explicar: como tecnologias de ponta são capazes de falhar em um momento de coragem como aquele ou simplesmente por que seres humanos cometem atos tão impensados quando estão magoados.

Aquela sexta-feira fora um verdadeiro inferno para Christopher. O dia começara turbulento com Anahí, depois enfrentara diversas reuniões e incontáveis problemas; a pressão sobre ele aumentava mais a cada dia.

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