Capítulo 45

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Capítulo 45

Dulce entrou na casa escura, era tão grande quanto o lado de fora, mas as cores escuras na parede a faziam arrepiar-se dos pés à cabeça.

Os quadros na parede tinham apenas tons de cinza, e por mais que ela quisesse identificar as imagens, tudo apenas parecia... borrão. Um longo borrão.

— Dulce! – o sotaque russo fez a morena dar um pulo e olhar ao redor, tentando encontrar a dona da voz.

— Anna? – gritou. – Anna!

— Dulce María! – outra vez a mesma voz.

— O que foi? – gritou outra vez. – O que você quer? Anna! – outro grito, e a resposta veio em forma do forte tapa em seu rosto.

Caiu no chão diante do impacto que recebera, levou uma das mãos ao rosto e sentiu o gosto do sangue em sua boca.

— Você está bem, minha filha? – agora a voz era, certamente, de Anna e soava amorosa.

— Devolva a minha filha! – a voz feminina, irreconhecível por Dulce, soou alta e furiosa.

— O que? – Dulce olhou ao redor.

— Vamos, Dulce! Vamos! – a voz masculina, sem sotaque algum, disse com leve ironia. – Eu estou esperando.

— Você deveria sentir vergonha do que fez! – a voz de Anahí ecoou pelo espaço. – Você estragou tudo!

— O que? Ani? – levantou-se com pressa. – Anahí!

— Quieta! – a voz, feminina e desconhecida, ordenou. – Te odeio!

— Você estragou tudo! – Anahí repetiu.

— Dulce María! – a voz parecida à Anna esbravejou.

— E agora, o que? – o homem perguntou com sarcasmo. – Onde está o seu Deus agora?

— Dulce. – Noah a olhou.

— Noah! – correu até ele, mas ao abraçá-lo, seu corpo atravessou o do alemão.

Dulce caiu no chão e encarou as próprias mãos, ele havia deixado de existir? Ou era ela que havia desaparecido?

— Noah! – ela olhou para trás e o viu parado ali. – O que está havendo?

— Obrigado por ter feito isso por mim. – a lágrima deslizou lentamente pelo rosto. – Dan precisava de mim.

— O que? – olhou novamente ao redor e reconheceu em um dos quadros.

Levantou-se correndo e foi até a parede. Viu pintada a imagem bonita de Christopher, Roberta e Analu, os três sorriam e o senador tinha uma das mãos sobre a saliente barriga da loira.

— Ele está muito feliz. – Noah comentou. – Fez bem para ele.

— Mas... – Dulce olhou para as próprias mãos e as viu brancas. – E eu?

— Você está no inferno! – a outra voz masculina respondeu rapidamente.

— Comigo! – outra vez a voz que tanto assemelhava-se a Anna ecoou.

— O que? – Dulce tocou a si mesma. – Eu morri?

— Agora. – Anahí contou com leveza.

— O que? – mal perguntou e sentiu o tiro em seu peito, derrubando-a no chão.

— Obrigada por ter cuidado de mim. – a voz de Anahí ecoou pela mente da morena.

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