Capítulo 59

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Capítulo 59

16 de setembro de 2018, 11h40

— Fernando? – Remedios entrou na sala, e o homem apressou-se em desligar o celular.

— Meu Deus, Reme! – levou a mão livre ao peito. – Já é a terceira vez que você quase me mata do coração!

— O que foi que eu fiz? – reclamou. – Você está assustado desde o início da manhã! Eu, hein!

— Estou ocupado! – bufou e levantou-se do sofá. – Deixe de me assustar!

— Ora, mas que ingrato! – bateu o pé. – Pois então não falo mais!

— Hey! – olhou-a com espanto. – Remedios!

— Não, não, não! – colocou novamente o pano no ombro e voltou para a cozinha.

— Ora! Não vá embora sem falar o que você queria! – colocou as mãos na cintura.

— Era para escolher o seu almoço, mas agora você vai comer o que eu decidir! – disse alto, sem sair da cozinha. – E não pense em reclamar!

— Você está cada dia mais parecida com a Dulce! – ele resmungou enquanto voltava para o quarto. – Cada dia mais parecida!

— Vou trabalhar com a Samay e você vai sentir a minha falta! – gritou para ele.

— Eu vou mandar você para lá e trazê-la para cá! – provocou a senhora, que apenas riu, sem parecer se importar. – Estarei no meu quarto, ok?

— Sim! – ela respondeu, e após alguns segundos, voltou a falar. – Fernando?

— Oi! – parou na porta do quarto. – Diga!

— Você não aguenta meia hora sem mim! – disse debochada e o escutou rir.

— É cada coisa! – ele sorriu e entrou no quarto.

Divertia-se com Remedios e sabia muito bem que não aguentaria sequer dez minutos sem a presença da amiga.

Sentou-se na cama e, pela quarta vez naquela manhã, discou o mesmo número, na esperança de que agora Remedios não o interrompesse.

Ele já estava prestes a desistir da chamada quando, finalmente, ouviu a voz da amiga do outro lado da linha.

Alô? – disse baixo.

Oi, Blanca. – ele sorriu com certo alívio ao ouvi-la novamente.

Fer! – animou-se. – Oi!

Oi, minha amiga! – emocionou-se. – É bom te ouvir de novo. Você está bem? Pode falar agora?

Sim, estou bem. Os meninos estão na churrasqueira, eu tenho um tempo. – olhou pela janela do quarto.

Como estão as coisas aí?

Do mesmo jeito. – disse baixo.

Os seus sonhos, as lembranças...­ – perguntou da forma mais delicada que pôde. – Sentiu alguma melhora?

Não, nenhuma mudança ou melhora. – confessou. – Mas dentro do que é possível, escolho mentir para todos. Eles acham que posso superar a Anna, eu... eu acho que não.

Blanca...

Vi a Dulce ontem. – ela voltou a falar de tal assunto.

Eu recebi a sua mensagem. Quis te ligar, mas você me pediu para esperar e... enfim, estava esperando, mas não conseguir aguentar mais. – sem jeito.

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