Capítulo 10, parte IV

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― Cada palavra, tudo o que passamos, a nossa história... eu não mudei e nem deixei nada para trás. – ela assentiu. – E entendo se você sentir que a sua relação anterior é maior do que o que construímos. – ela abaixou o rosto. – Eu, obviamente, não gosto disso, eu não quero isso, mas eu vou entender, se essa for a sua vontade. – ela seguia com o rosto baixo. – Compreendo que pedir uma decisão de maneira imediata seria absurdo, mas eu gostaria que você me desse um posicionamento. Porque a maior confusão que pode haver, María, é não ter nada claro. E agora eu me sinto no escuro.

Ele viu o peito dela subir à medida que ela puxava o ar devagar, então a morena o encarou e assentiu outra vez, com os olhos marejados e sem conseguir sorrir.

Ela levantou-se e deu um único passo, o suficiente para colar o corpo ao dele e abraçá-lo com força.

Christopher rodeou a cintura dela com os braços enquanto ela deitava o rosto em seu ombro e o apertava carinhosamente.

― Eu te amo, garota. – sussurrou, na tentava de tranquilizá-la.

― Eu te amo, garoto. – dedicou diversos selinhos no pescoço dele.

― Você está bem? – não moveu-se, deixando-a confortável em seu abraço.

― Sim. – pousou os lábios no pescoço dele e fechou os olhos. – Alex?

― Diga, María. – viu os pelos dos braços arrepiarem-se pela proximidade com ela.

― Tudo bem se não falarmos mais disso hoje? – acariciou o cabelo dele. – Se não pensarmos em decisões e nada mais... estaria tudo bem?

― Sim. – assentiu, esforçando para não esboçar o desânimo. – Tudo bem. Você quer que eu te leve para casa?

― Sim... – levantou o rosto e então o encarou. – Ou não... digo... posso ficar aqui?

― Você quer ficar? – viu-a aproximar-se.

― Eu quero. – encostou os lábios aos dele. – Posso?

― Você pode. – disse e ela entrecerrou os olhos. – Mas... – ela então o olhou. – Mas sem isso.

― Isso? – franziu o cenho.

― Não quero te beijar. – disse e ela apenas piscou os olhos, sem conseguir afastar-se dele como deveria. – Porque cada vez que te beijo, crio esperanças que não deveria. E não quero te pressionar, então...

― Me desculpe. – ela assentiu, sem tirar os olhos dele. – Eu não queria te machucar mais.

― Você não me machuca. – disse em seguida.

― Posso ficar? Sem beijos. – pediu e ele concordou. – E já que ficarei, posso jantar com você?

― E não estava pensando nisso? – apontou o fogão com o olhar.

― Fiz para você. – ela deu de ombros. – Não para mim.

― Você cozinhou só para mim? – ele tentou não sorrir, mas não conseguia controlar-se diante das atitudes dela.

― Você estava com fome. – foi até o fogão. – E sei que gosta da minha comida.

― O que é que você faz e eu não gosto, não é? – deu de ombros e riu ao final.

― Que eu deixe a pasta de dente aberta em cima da pia. – riu com ele.

― Tem razão! Isso eu não gosto! – girou os olhos e ela gargalhou. – Não gosto nada! Mancha a pia!

E pareceu, pelo menos por alguns instantes, que nada jamais separara os dois, e que a relação seguia tão leve quanto eles se lembravam.

Dulce terminou de cozinhar o macarrão, misturou os brócolis e o bacon, e fez o molho enquanto Christopher pegava os pratos no armário.

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