Capítulo 8
Dulce olhava-se no espelho, era a primeira vez que se via com uma roupa própria, passara tanto tempo no hospital que já nem se lembrava de como era vestir-se livremente.
O pai lhe dera a calça jeans de lavagem clara, regata preta e o casaco leve branco com estrelas pretas. Nos pés, o tênis branco e preto da Nike.
Prendeu o cabelo em um alto rabo de cavalo e deu um leve sorriso, sentira falta de arrumar-se, ainda que fosse tão pouco.
— Dulce? – a médica abriu a porta devagar. – Posso entrar?
— Claro. – virou-se para ela. – Meu pai já foi assinar os documentos que faltam.
— Sim, está tudo certo. – aproximou-se dela. – Você está liberada. A partir de agora... chega de hospital.
— Finalmente. – sorriu com ela. – Doutora...
— Foi um prazer. – adiantou-se. – Vê-la bem agora, é um prazer.
— Obrigada por tudo o que fez. – encarou-a. – Por atender a todos os meus pedidos.
— É importante que tome o anticoncepcional, sim? – seguiu firme no discurso que há dias tinha para ela. – Não pule nenhum dia.
— Eu sei, eu sei. "É importante depois do aborto". – fez aspas com as mãos e imitou a voz da médica. – Já decorei.
— Exatamente. – piscou para ela. – Cuidar-se sempre! – disse com tanta convicção, que quase se convenceu do próprio discurso.
— E quanto ao outro favor que pedi...
— Eu ligarei assim que tivermos o resultado do DNA. – interrompeu-a.
— Sim, bem, sobre isso... – suspirou. – Eu prefiro não sab...
— Pronto! Vamos embora! – Fernando entrou animado no quarto. – Hora de ir!
— Essa mocinha está pronta para isso! – a médica sorriu ao falar.
— Será bem cuidada em casa. – disse satisfeito. – Não é, filha?
— Eu tenho certeza. – fez um leve carinho na cabeça do pai. – Doutora, obrigada mais uma vez.
— Foi um prazer. Espero não vê-la tão cedo, mas foi um prazer. – a médica sorriu e abraçou a morena. – Você tem uma vida linda pela frente.
— Obrigada. – Dulce sorriu pelo carinho e logo separou-se dela. – Obrigada.
— Doutora, obrigado por cuidar da minha menina. – Fernando a cumprimentou. – E por toda a paciência nos últimos dias.
— Foi uma honra poder ajudá-la. – a médica sorriu.
— Dante está no quarto? – Dulce a olhou. – Eu queria me despedir antes de ir.
— Ele está na fisioterapia. – a médica respondeu, desviando por poucos segundos o olhar para o senhor. – E ainda vai demorar um pouco. Acho que você tem pressa para voltar para casa, não?
— Com certeza! – Fernando adiantou-se na resposta. – Santiago já está aí, minha filha.
— Bem... – Dulce arfou. – Está bem. Pode me dar uma folha e uma caneta? Não quero que ele volte e eu simplesmente não esteja mais.
— Com certeza, querida. – a médica assentiu. – Vou buscar para você.
— Obrigada. – disse, e logo a médica saiu dali.
Em poucos minutos, a doutora Morgado voltava com a folha a caneta para a morena. Dulce sentou-se ao lado da cama e escreveu um rápido bilhete para o alemão.
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Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...