Se para Christopher o dia de trabalho havia se convertido em informações e revelações que não terminavam de revirar seu estômago por dentro, para Dulce aquela quarta-feira levava apenas uma palavra: reunião.
Mal saía de uma, entrava em outra, e já recomeçava as anotações, planos de marketing e ideias para os novos livros. Ela sabia que era muito bem observada com David, o chefe a tinha sob a mira e qualquer descuido poderia ser a razão para uma bronca fora de hora.
O almoço aconteceu entre uma reunião e outra, e a morena não conseguiu comer mais do que dois tacos acompanhados de meio copo de coca cola.
Quando pôde voltar à própria mesa, o relógio já indicava mais de cinco horas da tarde, e ela sentiu o corpo desmoronar sobre a cadeira.
— Tome. – Maite virou-se para ela e lhe estendeu a pequena barra de chocolate. – Você merece.
— Amiga... – pegou a barra e a abriu em seguida. – Eu mereço mesmo!
— Sinto que não te vi o dia inteiro. – brincou. – Não tive uma só reunião contigo! Nenhuma!
— Vou te falar uma coisa. – Dulce aproximou as cadeiras e sussurrou. – Odiei ter ficado na equipe do lançamento da Karol. Odiei! – a amiga gargalhou. – Enquanto essa porcaria não passar, sinto que eu não terei vida! – mordeu o chocolate. – David vai me deixar louca!
— Mas não sei se eu estou muito melhor do que você. – Maite girou os olhos. – Porque a revisão desse romance também está me dando uma bela dor de cabeça!
— Pelo menos a revisão é feita de palavras. – resmungou. – E não de gente que fica pedindo coisas e inventando dificuldades!
— Mal humorada! – beijou o rosto dela. – Você já pode ir? Eu te deixo em casa.
— Me deixa em casa? – franziu o cenho. – Como assim "me deixa"? E não vamos para o mesmo lugar, não?
— Hmm... – sorriu de lado para a amiga.
— Maite! – sentou-se melhor na cadeira. – Para onde a senhorita vai?
— Christian conseguiu os ingressos para aquela peça de teatro que eu queria! – ampliou o sorriso. – Mas eu disse pra ele que te deixaria em casa.
— E onde vai se arrumar? – mordeu mais um pedaço do chocolate. – Ou vai direto? Tipo happy hour.
— Eu passei hoje cedo em casa, já trouxe algumas opções de roupa, porque já pretendia me arrumar na casa dele. – confessou.
— Hm, tá bom. – desligou o computador. – Quer que eu pegue um uber para voltar? Porque a casa dele é para o outro lado da cidade, não compensa você fazer essa viagem à toa.
— Mas não me custa nada. – deu de ombros. – Eu te levo, Dul!
— E não vai se atrasar assim? – séria. – Porque sabe que eu agradeço a gentileza, mas não precisa mudar o seu trajeto.
— Pare de encrencar, María! – bateu no ombro dela. – Aceite logo a carona!
— Tá bom, ok, tudo bem! obrigada! – voltou a comer. – Quanta brutalidade!
— Já podemos ir? – desligou o computador e pegou a bolsa.
— Uhum. – pegou a mochila embaixo da mesa. – Tem carregador para me emprestar? O meu celular está nas últimas!
— Tenho. – acenou para os amigos. – Até amanhã, gente!
— Até! – Dulce acenou, jogou a embalagem do chocolate no lixo e pegou o celular em cima da mesa. – Tsc...
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Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...