Havia muito a ser dito naquela troca de olhares, mediam forças de um jeito que dificilmente faziam, e evitavam justamente porque sabiam quão fortes poderiam chegar a ser para defender o que acreditavam ser importante.
A tensão no ar cortou-se com o toque do celular do homem, Christopher ainda levou alguns segundos para finalmente desviar o olhar e mirar o aparelho sobre a mesa.
O susto o pegou no mesmo instante que viu o nome de Maite no visor.
— Maite? – ele atendeu com pressa.
— Oi, Christopher! – a morena disse com educação, mas visível tensão na voz. – Tudo bem?
— Tudo. – franziu o cenho. – E com você? Está tudo bem por aí?
— Ahm... não muito. – disse sem jeito. – Não diga para a Dulce que eu liguei, mas é que ela está reclamando de dor de cabeça há um tempão! Não quis almoçar direito, eu acho que vomitou o pouco que comeu, e agora ela saiu de novo, estava com cara de choro, sabe? Pela dor, eu imagino. – contou. – Eu perguntei se podia ligar para o Fernando, mas ela não quer. Eu perguntei se poderia ligar para você, ela também disse que não, mas a verdade é que estou preocupada com ela.
— Vou buscá-la. – disse em seguida. – Não precisa dizer nada para ela. Daqui a pouco eu chego aí. Vocês estão na editora ou em alguma reunião fora?
— Estamos na editora. Tínhamos uma reunião externa às cinco, mas eu já avisei ao David que vou no lugar dela, mas você sabe que ela é teimosa e...
— Quer ir mesmo assim. – supôs e logo ouviu a morena confirmar. – Eu chego em meia hora, pode ser?
— Sim. Vou avisar a recepção, para que a sua entrada seja discreta.
— Peça uma vaga no estacionamento, Dario estacionará por lá.
— Sim, claro! Obrigada por vir, Christopher. – suspirou. – Aquela teimosa precisa se cuidar.
— Não precisa me agradecer por isso. – deu um leve sorriso. – A vida é um troca, né? De manhã você precisa da ajuda dela, a tarde ela precisa da sua.
— Oi? – Maite franziu o cenho. – Que ajuda? De manhã?
— Nada, eu divaguei. – riu de leve. – Te vejo daqui a pouco, Mai.
— Um beijo, Christopher! – desligou em seguida.
— Tudo bem? – Anahí o olhou com preocupação.
— Sim. – ele guardou o celular. – Apenas sua irmã sendo... bem, a sua irmã. – riu e levantou-se. – Vamos ter que deixar a nossa reunião para outra hora.
— Por quê? – levantou-se em seguida. – Dulce precisa de algo?
— Eu é que preciso contê-la. – mentiu. – Ela quer ir embora de metrô. Sabe como ela é, né?
— Pelo amor de Deus! – arfou – Precisa dar um freio nela!
— Vou fazer isso. – pegou a pasta. – Mas irei antes que a Maite não consiga mais segurá-la naquela editora!
— Preciso que reveja o seu discurso e ensaie até se cansar. – pegou a bolsa. – O que está no papel é lindo e impecável, mas você precisa ser igualmente perfeito na prática.
— Estou pronto para isso, Ani. – piscou e beijou-lhe o rosto. – Vamos embora?
— Sim. – seguiu com ele para fora da sala. – Outra coisa, vou encaminhar para o seu e-mail as perguntas que farão na sessão de fotos amanhã.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...