Capítulo 28
Anahí acordara um pouco mais tarde do que o horário habitual, seu corpo ainda não havia se ajustado completamente à gravidez, e os últimos dias haviam sido intensos demais para a loira, dividindo-se a viagem para Guadalajara, as ameaças de Anthony e a distância física que tinha de Dulce.
Levantou-se sem qualquer pressa, colocou o short de seda preto e a regata de mesmo tecido e cor. Prendeu os fios loiros em um alto rabo de cavalo e seguiu até a cozinha.
Preparou as torradas e depois passou a geleia de frutas vermelhas sobre cada uma delas. Por fim, esquentou o cappuccino e sentou-se no sofá para aproveitar tal momento.
Enquanto o fazia, abriu o notebook sobre seu colo e digitou alguns e-mails e notas para enviar, não podia perder os olhos da carreira de Christopher.
Escutou o barulho da porta e rapidamente estreitou os olhos, colocando o notebook de lado. Percebeu o movimento da chave rodando na fechadura e então esticou o braço até a caixinha ao lado do sofá, puxando a arma para si. A porta abriu-se em seguida e ela levantou o revólver.
— Chega de fugir. – Anthony parou na entrada do apartamento. – E abaixe isso. – riu e fechou a porta. – Chega a ser patético. Eu não te ensinei assim.
Anahí controlou o pânico que lhe invadira ao ver a figura de Anthony ali. Jamais tivera medo do homem, mas agora ela era responsável por uma vida dentro de si; e era por aquela vida que ela realmente temia.
Levantou-se do sofá e manteve a arma apontada para o homem, esforçando-se para controlar até mesmo o número de vezes que piscava enquanto o encarava.
— Não vim buscando guerra, minha filha. – aproximou-se, tão confiante que nem mesmo parecia que ela tinha uma arma apontada para ele. – Anda, pare com isso. – deu mais dois passos e ela engatilhou a arma. – Anahí... – arfou e negou com a cabeça. – Isso é realmente patético. O que foi que fizeram com você, hein? – deu de ombros. – Você parece ter se esquecido de tudo o que eu te ensinei! E veja bem, eu te mandei muitos recados antes de vir até aqui. – arqueou uma sobrancelha. – Vamos conversar. O que é que se faz quando se recebe uma ameaça em dois alvos separados? Você protege a si mesmo. Isso é básico, te ensinei ainda na infância, por favor! – soou descrente. – Acha mesmo que eu faria algo com o Christopher e o Alfonso, justo agora que comecei a traçar o caminho do Walter para a presidência? Seja mais inteligente, menina! – avançou mais um passo em direção a ela.
— Para trás! – ela ordenou, reunindo coragem para fazê-lo.
— Sim, claro. – ironizou. – Anda, menina, até quando vai seguir com esse jogo? Fugindo e fingindo.
— Eu disse: para trás! – repetiu com seriedade. – Nunca mais me aproximo de você.
— Sabe por que eu digo que é patético? Porque isso se resolve assim! – puxou a arma da mão dela, jogando-a no canto da sala, então segurou a loira pelos punhos. – Quem é que foi que te disse que você pode mandar em alguma coisa, meu bem? Acaso já se esqueceu que me deve obediência? Tão ingrata você se tornou? – franziu o cenho. – Sei que memória não te falta, não é? Ou vai ousar dizer que se esqueceu do que houve com o seu docinho aquela noite, na base militar?
— Eu vi você. – encarou-o com firmeza, ainda que, por dentro, sentisse medo. – Sei que atirou nela.
— Ora, que surpresa! – riu irônico. – Eu mando aqui, a mensagem não foi clara? Depois de anos, achei que não precisasse te repetir. – encostou-a na parede. – Uma vida inteira comigo e você ainda se faz de burra. – aproximou os rostos e ela tentou soltar-se. – Sabe por que não atirei na cabeça da sua amiguinha? – a loira arregalou os olhos. – Mira não me falta, mas queria te dar a chance de fazer isso. – apertou o corpo contra o dela. – Entretanto, você me decepcionou, Ani, não soube valorizar o meu ato generoso. Ao invés de matá-la, você se aliou a ela.
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Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...