Capítulo 52, parte II

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— Lú, estou paranoica? – aproximou-se dela. – Estou vendo pelo em ovo? Me diga de verdade.

— Considerando que essa não é a primeira vez que encontro algo no seu celular e que há um sistema muito similar ao que vi em Cancun... – contraiu os lábios e negou. – Não está nada paranoica, Mary. Nada é confirmado, mas tudo é possível.

— Foi o que eu pensei. – pegou o aparelho com ela. – Obrigada por ter usado parte da sua noite para isso e por me ajudar.

— Você é da família. – beijou-lhe o rosto. – Conte sempre comigo! E se acerte logo com o cari.

— Mais tarde. – Dulce disse com simplicidade. – Agora estamos os dois de cabeça quente e eu não quero fazer crescer um problema que já é difícil o suficiente.

— Ele só tenta ver o mundo de um jeito melhor. – Lucía deu de ombros. – Você sabe, né?

— Eu sei. Eu é que levo tempo demais vendo tudo de outro jeito. – sorriu de leve. – Cuide dele.

— Pode deixar. – Lucía sorriu e acenou para ela. – Bom trabalho!

— Valeu! – Dulce acenou rapidamente e desceu as escadas.

Lucía mirou o quarto do primo, e sabendo que ele não deixaria de pensar naquela discussão durante todo o resto do dia, achou melhor acalmá-lo.

Entrou no quarto e o viu sentado na cama, mantendo os cotovelos sobre as pernas e as mãos no rosto, em completo silêncio.

— Mary foi trabalhar. – sentou-se ao lado dele. – Mais tarde vocês se acertam, cari.

— Estou tão errado assim? – tirou as mãos do rosto. – É tão errado desejar que ela não se indisponha com a própria irmã?

— Você sempre foi o meu primo preferido. – a morena disse, atraindo a atenção dele. – Eu sempre te vi ter alguns arranca-rabos com o Poncho, mas nunca me meti, porque os irmãos são vocês, não eu.

— Mas é diferente de...

— Deixe que as duas se acertem. – interrompeu-o. – Elas são irmãs, não você, cari. A você só compete a sua noiva, e mesmo assim, você só pode opinar no que ela aceitar. Não podemos impor as nossas opiniões para os outros.

— É a minha noiva e é a minha amiga! – encarou-a. – Lú, você sabe tudo o que a Ani passou com a gente, você de como a Anna era...

— Cari. – tornou-se séria. – Eu vi os registros da Anna naquele hospital, antes da liberdade do Dante. Eu entrei naquele mesmo hospital depois, e não consta mais nada. Nada! É como se aquela mulher jamais tivesse passado por lá. – arqueou as sobrancelhas. – Sei do quanto o Anthony é capaz, e por mais que você se negue a acreditar, sei que também faz uma ideia bastante justa sobre quem ele é. Portanto, acreditar que a Anna é uma pessoa poderosa, perigosa e que tem dinheiro para contratar um hacker daquele nível, não parece nenhum pouco difícil para mim! – deu de ombros. – Anahí pode ser inocente, a Anna pode ser inocente, a minha única certeza é que existe gente com um interesse fortíssimo na Dulce. – ele ficou em silêncio. – O meu conselho é que, ao invés de você afastar a Mary com discussões que não vão levar a lugar algum, você a mantenha perto. Porque para ela deixar de confiar em todos nós, é um passo. – estralou os dedos. – E já te disse uma vez: eu não entro na intimidade dela sem ela pedir.

— Você acha que eu estou errado. – concluiu.

— Eu acho que você não deve ignorar o que sente. – tocou o ombro dele. – Sente de verdade, bem lá no fundo, porque eu sei que você pensa e não tem coragem de falar em voz alta. – ele manteve-se em silêncio. – E eu te amo! – abraçou-o carinho. – Amo, amo, amo!

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