Capítulo 3

546 53 139
                                    

Capítulo 3

Anahí estava encostada à janela do hospital, conversava baixo ao telefone e mirava de soslaio a presença da irmã e dos pais de Noah ali.

Christopher seguia em silêncio, mantinha as mãos entrelaçadas enquanto tentava evitar a mirada repreensiva do sogro; a frieza do senhor o machucava tanto quanto a distância que Dulce impusera entre eles.

A televisão na parede era responsável pelo único som emitido naquela particular sala, até mesmo a respiração que ali circulava parecia suficientemente tensa.

— Senhor e senhora Schäfer. – o doutor Morillo entrou na sala, acompanhado da colega de trabalho.

— Oi! – Sabine foi a primeira a levantar-se.

— Tem alguma novidade? – Felix acompanhou a esposa.

— Ele falou alguma coisa? – Fernando deixou o café de lado e mirou o médico.

— Não apenas alguma coisa... – o médico sorriu, e Anahí aproximou-se imediatamente com o recém-eleito senador. – Mas muitas coisas!

— Sentenças completas! – sorriu a doutora Morgado. – Inteiras. Firmes.

— Está completamente consciente. – o médico complementou enquanto os pais do jovem vibravam.

— Dulce e ele conversaram muito, e parece que foi uma conversa das boas! Foi a primeira vez que os vimos tão conscientes e seguros. – Morgado sorriu. – Parecem em boa sintonia!

— Encontraram uma forma de fortalecer um ao outro. A pronúncia está perfeita, a noção de tempo e espaço... nunca o vimos tão lúcido! – o médico frisou. – Estou verdadeiramente surpreso com ele!

O médico mal terminara de pronunciar a frase, e Ailin se afastara por completo, sentando-se isoladamente em uma das cadeiras enquanto se permitia chorar em silêncio. Havia pedido incansavelmente a Deus pela vida do irmão, fizera promessas e barganhas com Deus, se desesperara para obter qualquer ato positivo da parte de Dante, e agora parecia que ela fora finalmente escutada.

— Acabamos de servir o almoço. – a médica voltou a falar. – Eles preferiram comer juntos, Dante aceitou a fisioterapia com facilidade, está... está surpreendentemente disposto.

— Podemos vê-lo? – Sabine agitou-se. – Quer dizer, nós podemos falar com ele? Falar de verdade.

— Com certeza! – o médico assentiu e viu os familiares sorrirem. – Peço que peguem leve, porque acabamos de passar muito tempo fazendo perguntas demais a ambos. Eles estão cansados, ele tem a fisioterapia e o psiquiatra, e ela tem a consulta com a psicóloga. O dia ainda vai longe para os dois.

— Não vamos forçá-los. – Sabine foi a primeira a concordar. – Nós só queremos...

— Boa tarde! – Walter entrou na sala, acompanhado da esposa.

— Era o que me faltava... – Christopher sussurrou para si mesmo.

Walter adquirira o terrível hábito de visitar frequentemente o hospital, ainda que o filho já lhe tivesse pedido inúmeras vezes que não o fizesse. Normalmente cada visita era acompanhada de postagens na internet e diversas fotos antigas de Dulce, para que ele reforçasse o quanto desejava a recuperação da nora.

Alexandra sempre o acompanhava, mas diferente do que a internet pensava, a mulher pouco falava, normalmente permanecia em silêncio ou apenas tentava apaziguar o desentendimento entre pai e filho.

— Boa tarde a todos. – Walter mediu perfeitamente o sorriso entre o jeito acolhedor e o simpático. – Me desculpem chegar tão tarde. Alguma notícia da minha nora?

Jogada ParalelaOnde histórias criam vida. Descubra agora