Capítulo 64

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Capítulo 64

16 de setembro de 2018, 17h30

Dulce acordou sentindo o corpo dolorido, seus olhos estavam pesados e sua cabeça latejava, parecia ter feito intensa força física.

Abriu os olhos e reparou no local ao redor, estava em um confortável sofá escuro, usava a mesma roupa com a qual saíra de casa, tudo ali era escuro e bastante elegante. Quadros caros, papel de parede fino, muitos objetos dourados.

Tateou a lateral do corpo e sentiu o peso em seu braço, impedindo-a de levantá-lo. Girou o rosto e viu a agulha na pele, levantou os olhos e notou o líquido incolor que gotejava e caía diretamente em sua veia.

Arregalou os olhos e num único movimento ajoelhou-se, apoiando com cuidado o braço no sofá.

— Cacete! – fechou o aparelho que gotejava. – Merda!

Mirou a agulha no próprio braço e tirou primeiro o esparadrapo que a prendia ali. Segurou a respiração, sentia o coração acelerado.

— Calma, calma, calma. – sussurrou para si mesma. – Calma, calma... – puxou a agulha lentamente. – Uff... calma... – removeu-a por completo. – Ai! – mordeu os próprios lábios.

Tirou a camisa vermelha e a pressionou contra o braço, com medo que tivesse se machucado ao fazer algo do qual não entendia nenhum pouco.

Pressionou os dedos sobre a veia e levantou-se do sofá, caminhou até a janela, abriu a cortina e viu o enorme campo verde, sem sinal algum de um vizinho ou conhecido. Sentia-se completamente perdida.

— Boa tarde, Dulce. – a voz do homem invadiu a sala e a morena virou-se com pressa.

Arregalou os olhos e mirou Anthony ali: vestido com o terno preto, a barba bem feita e os olhos fixos nela.

— Muito prazer. – fechou a porta atrás de si. – Nunca tivemos a oportunidade de conversar de maneira apropriada. – aproximou-se e sentou-se no sofá de frente para aquele onde ela despertara. – Por favor, princesa, sente-se, fique à vontade.

— Me deixe ir embora! – gritou.

— Oh! Dulce! – levou uma das mãos ao peito. – Assim você me assusta, princesa. Não deveria ter tirado o seu remédio. – apontou a bolsa transparente com o líquido pela metade. – Isso era apenas uma ajuda para que você se mantivesse hidratada. A viagem até aqui foi um pouco difícil, e te peço desculpas por isso, mas espero que compreenda que não podemos ter uma casa no centro da cidade.

— Me deixe ir embora! – gritou mais alto.

— Prometo te dar opção de escolha. E diferente da Anahí, a minha palavra é sempre firme e nada duvidosa. – levantou uma das mãos. – Temos um combinado?

— Não tenho nada para falar com você! – esbravejou. – Nada!

— Tudo bem, eu te respeito. – cruzou uma das pernas. – E diferente de você, eu tenho muito para conversar com a senhorita. Estou há muito tempo ansioso por isso!

— Quando foi que mudou de ideia? – Dulce o encarou. – Quando atirou em mim naquela base militar ou quando pediu que o Mikhail me matasse?

— Você está magoada, e eu não tiro o seu direito. – assentiu. – Te peço desculpas pelos meus atos injustos.

— Não quero as suas desculpas, quero que me deixe ir embora! – gritou. – Eu quero ir embora!

— Você já foi surpreendida pela existência de uma pessoa que te ameaçava? A sua presença foi assim para mim: uma surpresa e também uma ameaça. – comentou, parecendo calmo e tranquilo. – E num primeiro momento, confesso que errei ao pensar que eliminar você fosse resolver todos os meus problemas. Por isso dei à Anahí a chance de fazê-lo, afinal, não podia desperdiçar os longos anos de trabalho que tive com ela.

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