― Nunca... em toda a minha vida... – molhou o pincel na tinta. – Eu nunca fiz uma coisa assim!
― Vou te contar uma coisa. – riu dela. – Pessoas pobres pintam o cabelo em casa, é super comum!
― Pois eu vou te contar outra coisa. – separava o cabelo dela. – Você não é mais pobre! Eu posso te dar o melhor cabeleireiro dessa cidade!
― E teria tanta graça quanto ver você dando chilique agora? – brincou, e a escutou resmungar em resposta. – Sabe de uma coisa?
― Não. – disse entre dentes. – E nem sei se quero saber, para ser sincera.
― Em momentos assim... – abaixou a cabeça para facilitar o trabalho da loira. – Eu quase desejo ser, de fato, sua irmã. – confessou. – Porque teria sido bem legal crescer com uma irmã por perto. Além, claro, do fato de que eu preciso te ensinar a ser mais gente e menos perfeita.
Anahí deixou o riso escapar entre os lábios, mas nada comentou. Para ela, o teste de DNA era pura formalidade e mais uma questão de segurança para Dulce e Fernando; ela sabia bem o que viria a seguir.
Não falaram mais nada durante o restante do tempo, a morena permaneceu em silêncio enquanto a loira pintava, devagar e atentamente, os fios castanhos.
― Acho que terminei. – Anahí disse com insegurança. – Espero ter feito tudo. Você quer dar uma olhada?
― Sim! – levantou-se do chão em seguida. – Mas obrigada desde já! – pegou o pote com o restante de tinta e foi até o banheiro.
― Sabe que foi uma boa primeira experiência? – Anahí tirou as luvas e as jogou dentro da caixa de tinta.
― Pode fazer a cada dois meses! – Dulce disse do banheiro. – Ou quando essa cor desbotar!
― Pensa em ficar loira para sempre? – jogou a caixa no lixo. – Porque eu confesso que gostaria disso!
― Para sempre é muito tempo! – gritou novamente para ela. – Mas até voltar de Moscou, isso com certeza!
― Dulce! – só então parou para pensar. – Pintou o cabelo só para a viagem?
― E agora é que você se tocou disso? – voltou para a sala. – Até que você fez direitinho! Eu nem precisei retocar muito.
― Dulce! – exclamou enquanto a jornalista pegava a garrafa de tequila no chão. – Quer ir para Moscou parecida comigo?
― Bingo! – pegou o pequeno copo e foi até a mesa. – Já comprei a lente para ficar insuportável com os meus olhos falsamente claros.
― Vão realmente achar que eu sou você! – seguiu-a até a mesa. – Estive lá não tem muito tempo.
― E eu estou realmente orgulhosa da sua inteligência! – abriu a tequila.
― Eu estive com o Noah! – disse, e logo arregalou os olhos. – E você... e Dante...
― De novo: bingo! – riu e bebeu a tequila.
― Dulce, não. – colocou o copo dela na mesa. – Pode ser perigoso. Noah e eu fuçamos coisas demais!
― Voltarei com respostas. – passou a língua pelos lábios. – Você e Noah são inexperientes, Dante e eu... aqui a história é outra.
― Noah pode não ter experiência, mas eu a tenho de sobra. – tocou-lhe o rosto. – Falo sério.
― Eu também. – sorriu confiante. – Falo sério e tenho experiência.
― Dulce... – exalou pesadamente. – Você acabou de aparecer pra mim. Honestamente, não quero que algo de ruim te aconteça.
― Honestamente, não vou morrer. – piscou. – Está tudo bem. – sentou-se à mesa. – Não fique preocupada, eu me garanto.
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Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...