Capítulo 22
Quatro horas da manhã.
Dulce questionou-se por que havia tentado dormir, agora estava mais cansada, mais ansiosa, mais preguiça. Tudo muito mais.
Arrastou-se da cama até o chuveiro e tomou o banho quase de olhos fechados, forçava-se a despertar, ainda que o corpo lhe implorasse para dormir.
Escolheu a roupa mais confortável que podia: calça de linho preta com listra lateral branca, camiseta regata também branca, e o casaco fechado preto com a estampa de estrelas em tamanho médio.
Passou a base pelo rosto apenas para esconder as olheiras e o aspecto de cansaço que tinha, deslizou o gloss pelos lábios, deu um pouco de cor às bochechas, e passou o gel nas sobrancelhas para penteá-las e levantá-las.
Como ainda julgava o olhar muito cansado, passou o rímel para que os olhos parecessem mais vivos e abertos.
Depois terminou, finalmente, de guardar tudo o que faltava na mala.
— Dul? – Fernando bateu levemente na porta, mas não entrou antes da confirmação da menina.
— Bom dia, meu amor! Pode entrar! – deitou-se parcialmente sobre a mala enquanto tentava fechá-la.
— Bom dia, girafinha! – sorriu ao abrir a porta. – Com dificuldades aí?
— Não, eu já... – puxou o zíper. – Já consegui!
— Separei um lanche para você levar agora para o aeroporto. – colocou a sacola sobre a cama dela. – Tem para você e para a Anahí. É muito bacana da parte dela vir te buscar.
— Obrigada, pai. – sentou-se na cama e bateu de leve sobre o colchão, incentivando o homem a ficar ao seu lado. – Nós duas estamos nos esforçando para... enfim, para criar um vínculo, algo assim.
— Com o tempo isso ganhará a naturalidade que vocês buscam. – sentou-se ao lado dela e colocou uma da mãos sobre a perna da menina. – Prometa ao seu pai que tomará muito cuidado nessa viagem e que não deixará que o trabalho te explore. Mesmo estando fora, lembre-se que você não deve trabalhar doze horas por dia!
— Prometo me comportar, paizinho. – abraçou-o de lado. – E pedi que a Anahí venha te visitar todos os dias, ouviu? Não quero que fique sozinho com a Reme! Se agora somos duas, então que, pelo menos uma de nós, esteja sempre por perto.
— Eu quero vocês duas sempre! – disse firme e a filha lhe beijou o rosto.
— Te amo, paizinho. – manteve os lábios sobre o rosto dele e os olhos fechados. – Eu te amo, te amo, te amo!
— Eu também amo você, girafinha! – franziu levemente o cenho diante de tanto carinho.
— Vou sentir saudade. – mantinha-se abraçada a ele. – Muita saudade de você. Por favor, cuide-se direitinho aqui!
— Vou te esperar de braços abertos! – então a olhou. – E com muita saudade, porque os dias não têm graça sem você por perto!
— Eu sei! – riu baixo e beijou a testa dele. – Fique com a Anahí, ok? Chame-a para dormir aqui em casa, para comer, para... enfim, para o que quiser. O meu ponto é: não fique sozinho.
— Já prometi que não ficarei! – apertou o nariz dela. – Aliás... hm, eu estava com uma ideia e gostaria de saber o que você acha.
— Pois me diga. – sorriu ao final. – Aposto que vou achar bom!
— É sobre a Anahí mesmo... – ele pigarreou. – Sobre isso de trazê-la para perto e... e inseri-la mis no contexto da família e...
— Pare de me enrolar e diga. – arqueou as sobrancelhas. – Te conheço, seu Fernando, e está enrolando demais!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...