Capítulo 29, parte V

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— Você ainda me ama? – deslizou o polegar pelo caminho deixado pela lágrima dela.

— Eu te amo. – sussurrou, a mirada firme contra a dele.

— Eu te amo também. – sorriu e a viu fazer o mesmo, então aproximou-se e depositou um demorado beijo na testa da morena. – Hoje eu te entendo.

Ficaram em silêncio, ele manteve o dedo deslizando carinhosamente pela bochecha dela e aos poucos encostou a testa contra a da morena, deixando as respirações a ponto de se misturarem.

Dulce subiu a mão até a dele, segurou-a e lhe beijou os dedos, então inclinou o corpo para frente e aconchegou-se nos braços do senador.

Os segundos passaram-se lentamente, pareceram pausar enquanto contraditoriamente ela sentia o coração dele bater imensamente acelerado; Christopher lhe dava segurança!

A vida com ele deveria ter sido tão diferente, deveriam ter criado aquele bebê juntos, ter seguido com o noivado, e assim, ela o teria acompanhado em cada um dos muitos discursos. Ela teria segurado sua mão no primeiro pronunciamento, agora estariam vendo detalhes do casamento, e ele, com certeza, a acompanharia em cada uma das escolhas de bolos, flores e decoração; tudo com Christopher seria tão simples e tão certo.

Ele também refletia sobre a vida com ela. Apertava-a carinhosamente em seus braços, esforçava-se para dar a ela a proteção que tanto queria, dizia em atitudes o quanto a queria; era daquela forma que se entendiam. Sempre se entenderiam.

Pensou no tempo que passara afastado dela e no quanto lhe doera cada dia daquela distância, desejava recuperar o tempo perdido, recuperar a vida com ela.

Ele a sentia tão sua que já não podia mais mentir, não podia esconder; era momento de ser inteiramente sincero.

— María... – não moveu-se, apenas murmurou o nome dela.

— Me perdoa. – manteve-se recostada sobre o peito dele, os olhos fechados e os dedos pousados no botão de sua camisa.

— O que? Eu não tenho que...

— Fiz tudo errado contigo. – arfou, sem troçar a posição. – Sinto muito por ter me afastado, por ter sido medrosa, por me perder na tentativa de te proteger, por...

— Não. – segurou o rosto dela e a viu com os olhos marejados. – Não quero te ver assim.

— Te afastei para te proteger quando, na verdade, eu precisava de você comigo. Eu queria você comigo. – encarou-o, e ele negou. – Eu deixei passar, te magoei, me magoei. Perdão.

— Sim, eu queria ter cuidado de você. – encostou o rosto ao dela. – Sim, garota, eu só queria ter cuidado de você. Chorado com você, sentido com você, ficado com você. E ficaria o tempo todo, independente da dificuldade que tivéssemos. Eu estava ali para você. – ela fechou os olhos e tentou abaixar o rosto, mas ele a segurou. – Eu estou aqui para você agora. Abra os olhos, eu não vou sair daqui. Você me tem contigo, ainda que não queira.

— Alex... – fez o que ele pedira e abriu os olhos, encarando-o por longos segundos.

Outra vez conversaram em silêncio, deixando que os sentimentos resolvessem o que as palavras e atitudes haviam sido covardes até mesmo para tentar. No silêncio, enxergavam-se de verdade. Entendiam-se. Curavam-se.

— Eu te perdoo. – ele sussurrou, parecia natural ler o pedido que ela tinha nos olhos marejados. – De coração, eu te perdoo. – engoliu devagar, já não podia mais guardar nada para si. – María, eu preciso... – encarou-a e puxou o ar. – Eu tenho que te contar...

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