Capítulo 10

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Capítulo 10

Era a primeira vez, desde que voltara para casa, que Dulce tinha a chance de dormir até tarde, então o fez com gosto e sem preocupação.

Despertou perto das onze horas da manhã, quando Fernando entrou no quarto, dizendo que Maite havia ligado e estava preocupada com o sumiço da amiga.

Só então a morena pegou o celular e viu as inúmeras chamadas perdidas, enviou a mensagem garantindo que não faltaria à festa de Christian, e então levantou-se.

Ainda que fosse tarde, optou por tomar o café da manhã e pedir diversos favores para Remedios. Por fim, passou quase quinze minutos encarando o guarda-roupa, na tentativa de encontrar uma boa roupa.

Entrou no banho, lavou o cabelo e o hidratou, depois vestiu o roupão enquanto fazia a própria maquiagem, era a primeira vez se arrumava tão dedicadamente após tanto tempo.

Passou a base por todo o rosto, e depois o corretivo para disfarçar as olheiras dos últimos dias, contornou o rosto, mas não o afinou, havia perdido muito peso nos últimos tempos e não queria parecer ainda mais magra.

Carregou no blush para soar mais saudável do que realmente estava, passou a sombra clara e bem esfumada, diversas camadas de rímel e o delineador apenas na linha da marca d'água.

Preencheu os setes furos da orelha apenas com pontos de luz, deixando apenas o piercing de argola no furo mais alto da orelha direita.

Secou o cabelo e fez a escova para conseguir uma aparência mais arrumada, depois pegou a calça preta e a camisa over branca, abotoou apenas os botões finais para que o colo estivesse livre, e deixou parte do tecido dentro da calça e a outra parte para fora.

Nos pés, o tênis branco da Nike, e no pescoço, o colar de folhado a ouro, que ganhara do pai há alguns anos.

Santiago passara para buscá-la logo em seguida, e a morena sentiu-se mais confiante por sair de casa com o amigo.

― O que é tudo isso? – ela pegou a sacola no chão do carro enquanto ele dirigia.

― Cerveja. E também estou levando gin. – olhou-a de soslaio. – Você vai querer o que para beber?

― Nada alcóolico. – reparava nas bebidas.

― Não vai beber nada? – perguntou com espanto.

― Não, nada. – deu de ombros. – Sem vontade.

― Vai comer alguma coisa? – perguntou e ela apenas assentiu. – Está com vontade de ir?

― Sinceridade? – exalou. – Nenhuma.

― Dul...

― Só vou porque a Maite insistiu muito. – encostou-se melhor ao banco. – E não quero magoá-la.

― Sei. – ele sussurrou e ficaram em silêncio por alguns minutos. – Arango me ligou, nós marcamos uma ida ao hospital na próxima semana.

― Isso é legal. – forçou o sorriso. – Aquelas crianças precisam ver gente nova, se distrair, sentir alegria

― É... acho que você também. – disse e ela mirou a rua. – Você poderia ir, ajudar e ser ajudada ao mesmo tempo.

― Santi, eu não...

― Ou você simplesmente poderia tentar, seja lá como for. – cortou-a. – É que às vezes parece que você não quer ou... enfim, me desculpe. Eu não tenho que me meter.

Dulce não respondeu, reconhecia a verdade na opinião do espanhol, mas como não tinha um bom argumento, calou-se e apenas ofereceu um sorriso murcho a ele.

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