— Meu nome é Anna Irina. – virou o rosto para trás.
Dulce viu a mulher loira, de cabelos presos e com a máscara preta, deixando apenas os olhos descobertos. Não a reconhecia de lugar algum, mas encará-la diretamente nos olhos fez despertar em si a sensação de olhar-se no espelho. Aqueles olhos poderiam ser seus.
— Hola, hijita mía. – a mulher falou e a mirada da morena abriu-se em visível sinal de desespero.
— Me deixe sair! – tentou abrir a porta. – Me deixe sair!
— Tranquila, mi amor. – virou-se novamente para a frente. – Disfruta el viaje.
— Socorro! – Dulce gritou, mas a voz saiu falha e o corpo amoleceu. – Socor... soc... – estendeu a mão e tocou o ombro da mulher. – So... – desmaiou no banco.
— Perdão, meu amor. – olhou-a de soslaio. – Era necessário.
◊◊◊
Dulce acordou sentindo a cabeça pesar, como se tivesse sido duramente golpeada por todo o corpo, cada parte de si parecia dolorida.
Abriu os olhos devagar e deslizou as mãos ao redor do corpo, sentindo a textura do lugar onde estava deitada, sentiu o linho suave sob a ponta dos dedos. Girou o corpo e sentou-se no sofá, admirando a enorme sala ao redor.
Tudo era em tom pastel: as paredes, o sofá onde estava deitada, as almofadas, o enorme e luxuoso lustre, as prateleiras com diversos livros.
Colocou os pés no chão, sentiu-o frio e levou os olhos para baixo, vendo que as sandálias haviam ficado ao lado do sofá.
Levantou-se e caminhou pelo espaço, o pé direito alto fazia o escritório parecer ainda maior do que já era. Foi até a lareira elétrica, viu os vasos bonitos e, com certeza, caros. Reparou nos arranjos florais, tudo parecia caro e vivo.
Aproximou-se da mesa, passou a ponta dos dedos pela tela de 24 polegadas do iMac, depois reparou nos três porta-retratos sobre a mesa.
Na primeira foto, identificou Anahí ao lado de Anna, a irmã não parecia ter mais do que três ou quatro anos.
Na segunda foto, reconheceu a si mesma, sozinha no balanço do parque; não lembrava-se de tal fato, mas era capaz de reconhecer o lugar.
Na última foto, viu duas crianças idênticas, mesmo rosto, mesma cor de cabelo, mesmo formato de nariz e uma única diferença: a primeira tinha olhos azuis, a segunda olhos castanhos.
— Привет, мисс Pavaga. (olá, senhorita Pavaga) – a voz soou solícita.
— Ah! Caramba! Que porra é essa? – Dulce deu um pulo de susto e virou-se para trás. – Quem é você? Onde eu estou?
A mulher, de cerca de cinquenta anos, o corpo extremamente magro e alta, a encarou com visível confusão. Os cabelos loiros estavam presos em um caprichado coque, e os olhos verdes piscavam com atenção e zelo.
— Что бы ты хотела съесть? (o que você gostaria de comer?) – a mulher aproximou-se.
— Hey, hey! – Dulce ficou atrás da mesa. – Não, não, não! Não se aproxime!
— мисс Pavaga. (senhorita Pavaga). – disse educada, mas a morena apenas a olhava confusa.
— Minha senhora, eu não entendo esse bendito idioma! – esbravejou, e a mulher seguiu se aproximando. – Saia daqui! – encostou-se ao móvel. – Me entenda, por favor! Eu... hm, inglês, pode ser? A senhora fala inglês?
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Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...