Capítulo 18
Dulce acordou ao terceiro toque do despertador, levantou-se com preguiça e arrastou-se até o banheiro da suíte.
Tomou o banho para despertar e ficou apenas de roupão enquanto comia o café da manhã com o pai. Logo voltou para o quarto e dedicou-se a preparar pacientemente a maquiagem do dia.
Passou o corretivo pelo rosto, depois a base, e então corrigiu a sobrancelha. Espalhou o batom líquido pela pálpebra direita, desenhando a sombra em formato de triângulo até que o desenho ultrapassasse a sobrancelha.
No olho esquerdo, passou o batom líquido azul também em formato triangular, mas agora no sentido contrário, descendo até a bochecha.
Logo deslizou a sombra de mesma cor por cima da maquiagem feita, espalhou o glitter pela pintura e finalizou com o spray fixador.
Passou o lápis preto na linha d'água dos olhos e colou os exagerados cílios postiços. Contornou o rosto, abusou do iluminador e delineou com a caneta preta um pequeno coração acima da sobrancelha esquerda.
Como de costume, espalhou alguns desenhos com os naipes do baralho pelo rosto, e por fim, passou o batom vermelho na boca, puxando levemente o canto dos lábios para que o sorriso parecesse maior; tinha sua maquiagem de palhaço.
A roupa também era padrão: calça jeans branca, blusa da mesma cor e all star branco. O cabelo sempre preso em um alto rabo de cavalo e o violão nas costas.
Despediu-se do pai, e quando chegou à portaria do prédio, Santiago já a esperava no carro.
― Demorei muito? – deixou o violão no banco detrás.
― Até que não. – esperou que ela entrasse no carro. – Bom dia, Dul!
― Bom dia, Santi! – evitou beijar o rosto do amigo, que ele também estava maquiado.
― E aí, vamos passar para pegar o Dante mesmo? – olhou-a. – Ele está pronto?
― Sim. Ele é como você. – colocou o cinto de segurança. – Sempre está pronto na hora.
― Eu ia dizer que isso é uma coisa da Europa, mas não quero te encher o saco logo cedo, então vou deixar passar. – ligou o carro. – Você me diz onde é?
― Pode ir como quem vai para a casa do Rocco, sabe? É na mesma rua. – disse e o amigo logo assentiu. – Santi...
― Manda. – arrancou o carro dali.
― Obrigada por aceitar buscá-lo. – deu um leve sorriso. – E por inclui-lo na nossa... vida.
― Achei legal ele desejar ir. – sincero. – E a ideia de usá-lo para mostrar que também ficamos doentes, foi ótima.
― Sempre íamos juntos... antes de tudo isso. – deu um leve sorriso. – Ele era muito bom com as crianças.
― Como você está se sentindo com essa situação? – olhou-a rapidamente. – Por voltar ao hospital, por levá-lo junto, por apresentá-lo para... para todo mundo.
― Honestamente? – o amigo assentiu. – Estou ansiosa e feliz. Porque vou apresentá-lo a pessoas que não o conheciam antes, pessoas que não vão julgá-lo, que não vão ficar questionando como ele está, como está levando tudo, como tem se adaptado. Elas vão gostar dele pelo que ele é, e ele terá a chance de uma vida... normal. Sem julgamentos. Digo, Arango o conhecia, mas é só ele. Maite não o conhece, você não o conhece... ninguém.
― Conte comigo para fazê-lo sentir-se bem. – piscou para ela.
― Isso é muito importante. Para ele, claro, mas também para mim. – suspirou. – Eu só quero sentir que estou no presente, sabe? Que isso aqui é 2018, que não estou presa em lembranças, que tudo o que vejo, vivo e sinto, é apenas atual. E Dante também precisa se livrar do passado, encontrar algo de vida mesmo enquanto não temos notícia do Noah. Nós precisamos viver ou vamos enlouquecer.
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Jogada Paralela
RomanceEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...