— Eu não sabia da sua rotina! – arregalou os olhos. – Meu Deus! Acha que é uma competição de quem corre mais atrás? Christopher, você estava fora da cidade! Eu não sabia o horário da sua volta, mas você sabia muito bem que eu estava aqui!
— E eu te ligaria assim que pudesse!
— Então assumimos que era uma questão de prioridade, não é? – abaixou novamente o tom de voz. – Você escolheu o que fazer primeiro.
— Era o meu trabalho. – a voz saiu seca. – É o meu trabalho.
— Não. Aquilo não era a política, aquilo era você. Você e a sua dificuldade tremenda em tirar o seu pai do pedestal. Você e o seu medo de fazer algo que não o agrade. Você e o seu pânico de ser simplesmente você mesmo.
— Não é assim. – sussurrou. – Você não está entendendo.
— Me desculpe. – fecho os olhos. – Acho que eu é que não soube amar você. Fiz tudo errado e chegou num ponto onde não há mais conserto.
— Não há mais conserto? É o que você pensa? – ela ficou em silêncio. – É o que você quer para nós? – outra vez o silêncio. – É o que você quer, Dulce María?
— É o melhor. – sussurrou. – Não podemos...
— Certo. – cortou-a. – Obrigado por tudo até aqui.
— Ahm... – estava completamente perdida. – Eu... de... nada...?
— Fique bem. – desligou a chamada antes que ela pudesse responder.
— Inferno! – Dulce jogou o celular na pia e levou as duas mãos ao rosto. – Inferno, inferno, inferno!
O corpo deslizou pela parede e ela sentou sobre os próprios pés, escondendo o rosto entre as mãos enquanto chorava. Sua vida não parecia ter conserto, ela havia se metido em um profundo e escuro buraco, do qual não sabia mais sair agora.
A porta da copa abriu-se com força, mas a morena sequer incomodou-se em levantar o rosto ou prestar atenção.
— Dulce! – Anahí disse ríspida, mas acamou-se de maneira imediata ao ver o estado da morena no chão. – O que houve? – trancou a porta e foi até ela. – Dulce, o que aconteceu com você? – ajoelhou-se em frente a ela. – Dulce, o que houve? Fala comigo! Dulce! – segurou o rosto da morena e o viu manchado pelas lágrimas. – Dulce...
— Acabou. – deitou a cabeça no peito dela. – Acabou agora... Christopher e eu... acabou.
Anahí fechou os olhos e abraçou a morena contra si, acariciando-lhe as costas enquanto suspirava pesadamente. Havia entrado ali na intenção de discutir com ela, havia se preparado para brigarem e usarem as maiores ironias já proferidas, mas a encontrara tão frágil e pequena, que somente conseguiu acolhê-la.
— Shh, se acalma, por favor. – beijou os fios castanhos da irmã. – Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui, você não está sozinha.
Permaneceu em silêncio enquanto o choro da morena ainda preenchia o ambiente, e seu peito subia e descia em um desespero agonizante, seguido de incessantes soluços.
Anahí levantou-se, encheu um copo de água e, contrariando tudo o que jamais pensara em fazer, sentou-se no chão ao lado dela. Entregou-lhe o copo em seguida.
— Por favor, beba isso. – pediu com calma. – Entenda que eu me sentei num chão imundo por você, portanto, por favor... beba isso e se tranquilize.
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Jogada Paralela
RomansaEle queria o senado. Ela traçou o caminho. Ela buscava justiça. Ele entregou por inteiro. Atraídos como imã, foram cegados pela jogada perfeita. Desencontraram-se. Fizeram-se independentes. O jogo não para. O tempo corre. Arrisque uma Jogada Parale...