Capítulo 38, parte III

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— Você... como é? – soltou-se dela. – Você estava lá? Na base... na... na base do exército você... você estava... – piscou seguidas vezes. – O que?

— Eu fui. – passou as mãos pelo rosto da morena. – Eu fui negociar por você.

Dulce levou uma das mãos à boca e segurou a vontade de vomitar, Anna sabia como deixá-la completamente enjoada e desestabilizada. Por vezes tinha a impressão de que a escolha de cada uma das palavras de Anna era escolhida muito previamente.

— O que você pretendia? – franziu o cenho. – Como pensava em me ajudar? Eu me lembro que vi que você estava na clínica e... como?

— Sair foi o menor dos meus problemas. – Anna meneou a cabeça, não parecia, de fato, se importar. – Conversei com a Alisson e nós traçamos um plano, mas quando soube do seu helicóptero, isso...

— Helicóptero? – interrompeu a loira. – Meu helicóptero?

— Exatamente. – disse, e franziu o cenho em sincera confusão. – Não era seu?

— Não sei do que está falando! – sincera. – Eu não tenho dinheiro para comprar um carro, acha que eu conseguiria ter um helicóptero? – estalou a língua e negou. – Fui sem estrutura alguma para aquele lugar. Com três amigos e a irmã do Dante, nós não tínhamos ideia do que encontraríamos, nós... eu não fui feita para esse tipo de coisa.

— Como fez isso, minha filha? – e a pergunta pareceu realmente preocupada. – Como soube que o Dante estava lá, se você não tinha estrutura para isso?

— Um soldado entrou em contato comigo. – contou, não havia mais razão para esconder aquela informação. – Primeiro foi por e-mail e depois me contou tudo. Disse que estava lá dentro, que via o Dante e que ele não parava de me chamar. Usou uma palavra... ele usou uma palavra que apenas Dante e eu sabíamos. Por isso tive a certeza de que podia confia nele.

Anna ficou em silêncio e Dulce tentou compreender o porquê de tal ação, mas a loira apenas parecia pensar, tão concentrada e tão rapidamente que mais parecia que ela...

— Não sabia sobre isso? – Dulce se viu obrigada a perguntar. – Meu Deus! Você não sabia?

— A base é vendida para muitos. – resumiu-se. – Eu não mando em todos.

— Mas é você! – disse em tom óbivo. – Se não você, então quem?

Mais uma vez o silêncio de Anna, e mais uma vez a cabeça de Dulce dando voltas sem parar, buscando e tentando encontrar conexão em algo que mais parecia um emaranhando de situações e mentiras.

De alguma maneira, entretanto, era como se tudo sempre terminasse em um único nome.

— Anthony? – a morena sugeriu, e a mãe assentiu em silêncio. – Inferno! – encostou-se ao sofá e fechou os olhos.

— Alisson esperaria que a extração fosse feita com sucesso, ele entraria em uma das nossas ambulâncias, e nós o levaríamos para a minha casa. – comentou, atraindo novamente a atenção da filha. – Eu cuidaria dele e te levaria para vê-lo, saudável e sem qualquer ferimento mais. – suspirou. – Assim deveria ter sido o nosso encontro. E agora você estaria ao meu lado.

— Mas...? – Dulce sequer pensou, sabia que aquela frase tinha um advérbio pronto para completá-la.

— Mas o helicóptero mudou tudo. Pensei que a sua ideia fosse desaparecer com ele assim que ele saísse. E confesso que aplaudi, era um movimento ousado e bem feito. – mirou-a. – Eu imaginei que estivesse com a Anahí, e sei que ela possui métodos para te ajudar a desaparecer, inclusive, com um helicóptero.

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