Capítulo 18, parte II

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Durante aqueles poucos minutos, não houve uma só criança que se lembrasse da dor que vivia ao enfrentar um câncer com tão pouca idade; durante aquele tempo tudo foi apenas felicidade.

A despedida, entretanto, provocou inesperadas lágrimas nos olhos dos pequenos, em especial Marisol, que se encantara tão rapidamente pela morena.

― Kika... – a menina estendeu os braços para ela. – Não vai embora, não. Fica aqui.

― Menina Sol... – Dulce sentou-se ao lado dela. – Eu tenho muitos pacientes para atender hoje, não posso ficar, você me entende? – então sussurrou. – E ainda tenho que ajudar o doutor Peluchin ali! – sorriu e apontou o homem na cadeira de rodas.

― Kika, e se a gente voltasse uma próxima vez? – Dante piscou. – A gente pode visitar a Sol de novo! Eu bem que preciso de uma ajuda para tocar o meu violão!

― Eu posso ajudar! – a pequena sorriu. – Sim!

― Essa é uma grande ideia, Peluchin! – Dulce assentiu. – Vamos voltar e visitar a Sol de novo!

― Eu posso cuidar do urso Peluche? – a pequena mirou Dante. – Pode, tio Peluchin?

― Você cuidará bem dele até a nossa próxima visita? – ele sorriu e a garota concordou. – Está bem, então ele ficará com você. – entregou-lhe o urso. – Confio em você, hein?

― Tá bom! – agarrou o urso. – Tia Kika... – chamou-a. – Vem cá!

― Eu estou aqui. – piscou outra vez.

― Vem mais perto. – sussurrou. – Eu tenho vergonha.

― Oh, é um segredo? – Dulce sorriu e aproximou o rosto ao dela. – Me conte, me conte!

― Tia... – colocou uma das mãos na frente do ouvido dela e sussurrou. – Eu não quero mais ficar aqui.

― O que houve, princesa? – sussurrou também. – A vovó não está ouvindo agora. – piscou para a senhora, que assentiu e fingiu não olhar a cena.

― Porque isso machuca. – apontou o remédio intravenoso. – Dói a minha barriga. Eu não quero mais.

― Oh, querida. – Dulce sentiu os olhos marejarem. – Sol...

― Posso ir na sua casa pra te ver? – segurou a mão dela. – Depois eu juro que devolvo o Peluche. Por favor.

― Venha cá. – sentou-se melhor e a colocou em seu colo. – Vou te contar uma história.

― Qual história? – encarou-a.

― A história de uma princesa que se chamava... Mariluna. – disse e a menina franziu o cenho.

― Eu nunca ouvi esse nome. – tocou o brinco dela.

― É um nome muito bonito! – Dulce lhe sorriu. – A pequena Luna era uma princesa de um reino encantado. Certo dia, os pais da Luna foram viajar e deram a Luna a missão de cuidar de todo o reino!

― A minha mamãe também foi viajar. – disse desanimada, acariciando o urso. – Mas não voltou mais. Isso é ruim. – olhou-a. – Mas agora eu vou ter um papai, porque o tio disse que pode ser o meu papai! Então isso é bom.

― Parece que a princesa Sol e a princesa Luna possuem muitas coisas em comum, você não acha? – esforçou-se para sorrir e a menina subiu os dedinhos até o rosto da morena.

― O que a princesa Luna fez, tia Kika?

― A princesa Luna começou a cuidar de tudo no reino encantado. E todos adoravam a princesa, mas um dia, ela descobriu que havia ficado muito dodói. – a menina encolheu-se. – E ela precisou ir ao médico e receber um remedinho assim. – pegou a mãozinha da pequena e depositou um beijo ali.

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