Capítulo 14

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Capítulo 14

A quarta-feira amanheceu quente na capital mexicana, as altas temperaturas chegaram juntamente com o nascer do dia.

Christopher foi direto para o banho, e fez questão de tomá-lo frio para refrescar-se. Diferente da maioria das vezes, desceu para o café da manhã antes de arrumar-se para o longo dia de trabalho.

― Bom dia, Sama! – beijou a bochecha da senhora, que terminava de preparar a mesa para ele.

― Bom dia, meu filho! – virou-se para olhá-lo. – Essa carinha está um pouco melhor hoje, hm?

― Todos os dias é uma chance nova. – deu de ombros e sentou-se à mesa. – E é para frente que se anda, Sama! É para frente!

― Bem, essa é uma verdade. – franziu o cenho. – Devo perguntar como você está ou...

― Não, não precisa. – pegou o guardanapo. – Porque, como a senhora pode perceber, eu estou muito bem! – sorriu. – Excelente!

― Christopher! – colocou o pano por cima do ombro direito.

― E não diga nada! – levantou uma das mãos. – Apenas aceite e observe o seu senador, filho e melhor amigo!

― Ah, meu filho! – arfou e negou com a cabeça. – A sua teimosia não muda nunca, não é?

― Não! – sorriu conformado. – Mas é falando todos os dias que a gente começa a acreditar!

― Ou... – a senhora pegou o telefone e o empurrou na mesa. – Basta ligar para certa menina, uma bem doce, se bem sei do que falo!

― Nada de menina Dulce. – disse diretamente, afastando o telefone. – Aliás, você jogou fora toda aquela bagunça?

― Toda a bagunça ou as lembranças da sua menina? – cruzou os braços.

― Sama. – exalou e a encarou. – Meu dia foi uma merda ontem... e anteontem. E quer saber o motivo?

― Sei qual o...

― O motivo é amargo, extremamente amargo. – disse, e a senhora puxou a cadeira para sentar-se de frente para ele. – Amo a María. Sou extremamente apaixonado por ela, eu adoraria ter uma vida inteira com ela! Eu fiz planos! – arfou. – Eu imaginei a vida completa, eu a pedi em casamento, eu imaginei filhos... tudo! E eu pensei que ela estivesse disposta a tudo isso, mas... – desviou os olhos. – Ela não quis. Ela não quer.

― Meu filho... – segurou as mãos dele.

― Eu sei, "talvez no futuro". – fez aspas com as mãos. – E é verdade, talvez realmente seja, mas... não estou disposto a esperar, Sama.

― Meu filho, as pessoas...

― Eu não quero esperar. – cortou-a. – Eu esperei muito! Esperei anos pelo senado, eu me preparei, eu me empenhei, eu abri mão de muita coisa para focar naquilo que eu queria, e eu consegui! Eu consegui! – olhou-a. – Mas conseguir tem um preço. Eu me afastei do Poncho, eu me afastei das pessoas que eu amo, eu... eu fiquei sozinho. E quando encontrei alguém que eu pensei que pudesse completar tudo isso, alguém que... – os olhos marejaram. – Ela é perfeita, Sama, ela encaixa comigo, é insano o quanto ela encaixa comigo! Mas ela não consegue se entregar, ela... ela não é capaz. – contraiu os lábios. – E eu não quero mais perder uma vida enquanto corro atrás do meu sonho. Eu quero um casamento, eu quero filhos, eu quero uma família! Eu sei, mais do que nunca, que eu quero uma família! – exalou. – Poncho me fez ver o quanto eu quero uma família. E Dulce quer o mesmo... só não é comigo.

― Querido, eu acho que não entendi. – franziu o cenho. – O que o Alfon... – a campainha tocou.

― É o Poncho. – piscou para ela, que então assentiu e levantou-se.

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