Capítulo 48, parte II

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Descia as mensagens na tela do celular quando o aparelho passou a vibrar e o visor marcou aquele mesmo nome: Paola Bracho

Anna não havia desistido. E Dulce sentiu, dentro de si, a intuição que lhe dizia que agora ninguém mais poderia voltar atrás em qualquer decisão.

Alô? – atendeu a mãe.

Minha filha! – Anna soou aliviada. – Dulce, graças a Deus! Finalmente!

Hãn? – então franziu o cenho.

Como você está? – a voz era mais leve, mas ainda preocupada. – Está protegida?

Protegida do que? – confusa. – Estou bem! Estou em casa!

Na sua casa você não está! – disse em tom óbvio. – O que configura outro erro: deixar o seu pai sozinho!

Não se aproxime do meu pai! – esbravejou. – Não se atreva a chegar perto dele! Você me ouviu?

Eu estou cuidando de vocês! – rebateu, mas tudo o que escutou foi o suspiro cansado da filha. – Precisamos nos ver hoje.

Não posso. – disse de imediato. – Vou para a editora agora e devo seguir direto para casa, afinal, não posso deixar o meu pai sozinho, não é?

Minha filha... – pareceu lamentar-se. – Pode deixar de ser teimosa por uma única vez? E entender que tudo o que quero é proteger você?

Me proteger? Você tem certeza? – ironizou. – Ou quer simplesmente proteger o seu negócio sujo? Porque vamos falar sério aqui, grande é a coincidência que ontem um cara tão loiro tenha tentado me assaltar e hoje a Anahí apareça feito uma assombração na porta de casa.

Que? – perguntou baixo.

Fale a verdade! – séria. – Você está falando com a Anahí também? É essa a sua estratégia, colocar uma contra a outra?

O que? Filha, não! – soara espantada. – Claro que não! Anahí não deve saber do que temos, ela precisa ficar afastada, é teimosa demais e vai meter os pés pelas mãos.

Honestamente? Não acredito em mais nada. – arfou. – E preciso me arrumar, não tenho tempo para perder contigo.

Filha...

Me deixe em paz! – reclamou. – E fique longe, muito longe, do meu pai, Anna! – encerrou a ligação antes que a mulher respondesse. – Urgh! – deixou o celular na pia e bateu seguidas vezes na parede, irritada com a mulher. – Inferno!

Pensou em ligar para Fernando, mas ainda era cedo demais para tal coisa, então entrou no banho e tentou limpar os pensamentos conturbados que tinha.

Fechou os olhos enquanto deixava a água escorrer pelo cabelo e esforçava-se para lembrar dos momentos do dia anterior.

Tentava traçar a expressão perfeita do loiro que a abordara no bar: era alto ou baixo? Os olhos eram azuis ou verdes? Que palavra dissera?

O homem não lhe fizera nada, não ameaçara agredi-la, não lhe apontara nenhuma arma, ele apenas a olhara assustado; quase tão assustado quanto ela.

— Caralho! – Dulce abriu os olhos em baixo da água.

Sua mente agora começava a encontrar sentido no que acontecera e pensava que, na realidade, o jovem talvez não quisesse nada além de simplesmente assustá-la.

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