Capítulo 10, parte II

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Christopher estava presente. Christopher estava tão bonito. Tão ele.

O cabelo despojado, mas não desarrumado, os olhos que pareciam brilhar no contraste perfeito com a camisa azul; ela adorava vê-lo com tal cor.

Sentiu como o coração disparara dentro do peito, as pernas pareceram pesar e ela simplesmente não conseguiu mover-se, estava paralisada.

Não andava, não falava, nem mesmo reagia ou comemorava o noivado como todos; ela estava presa na imagem de Christopher.

Os olhos marejavam-se a cada detalhe que reparava nele, na barba feita recentemente, no sorriso que crescera quando ele abraçara Christian, na emoção que claramente o dominava.

Sentiu o corpo ser empurrado por um dos convidados, que esbarrava nela enquanto pulava de alegria, então deu alguns passos para trás e encostou-se à parede. Levantou o rosto, ainda meio perdida, e o olhar encontrou-se com o do senador.

Ela abriu a boca diante do susto, mas não teve coragem de desviar o olhar, a expressão de Christopher era tão alegre, que a prendeu sem qualquer esforço.

Tentou falar, tentou pensar em algo, qualquer escape que a fizesse reagir ou recuperar todos os discursos que ensaiara em sua mente, mas o impacto da presença do homem era muito maior do que tudo o que ela um dia imaginara.

Christopher lhe deu uma singela piscadela e deixou a sacada em seguida, saindo pela porta lateral enquanto a morena o seguia com o olhar, incapaz de disfarçar a curiosidade e a vontade de aproximar-se dele.

― Vai logo! – Maite abraçou a amiga com carinho. – Vá e aproveite!

— M-Mai? – Dulce piscou ao perceber o abraço da amiga. – O que está...? O que você...?

— Vá e converse com ele. – encarou-a. – Vocês precisam. É urgente, isso não pode esperar mais!

— Você sabia. – sussurrou, parecia confirmar aos poucos o raciocínio em sua mente.

— Não te trouxe à toa, mulher! – piscou com um olho só enquanto a empurrava. – Anda, encontre o seu rumo!

— Mai... – ela virou parte do tronco para a morena, que apenas assentiu. – Parabéns! Este momento é...

— O mais feliz do mundo! – completou por ela. – Mas quero comemorar com você depois que já estiver resolvida, portanto... tchau!

— Te amo! – deu dois passos na direção dela e lhe beijou demoradamente a bochecha.

— Eu também! – riu. – Ai, Dulce María, chega! Vá logo!

Dulce afastou-se da amiga e as pernas moveram-se de maneira involuntária em direção ao apartamento. Primeiro olhou a sala, mas não viu o senador ali, então pensou diretamente na cozinha, era o cômodo mais perto e seria o mais provável.

Quando passou pelo bar do apartamento, parou por alguns segundos e encarou a bancada, lembrava-se tão perfeitamente de quando encontrara Christopher ali, do susto e da gratificante surpresa que sentira.

Vacilou. As pernas bambearam e ela secou as lágrimas que lhe embaçavam a vista, a proximidade com Christopher seria capaz de enlouquecê-la, ela realmente estava pronta?

Perdeu a coragem, toda a coragem. Virou-se para sair dali, e o corpo chocou-se com o do homem, fazendo-a dar passos para trás.

Dulce levantou o rosto e encarou a imagem do senador ali, com o sorriso tímido e o olhar confuso sobre ela.

— María. – a voz dele saiu rouca e ela sentiu o arrepio percorrer sua espinha. – Eu queria muito encontrar você, eu queria... – acompanhou a lágrima rolar pelo rosto dela. – Perdão, eu... – deu um passo para frente. – Eu posso chegar mais perto?

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