Capítulo 66

499 43 353
                                    

Capítulo 66

16 de setembro de 2018, 17h57

Christopher deixou a sala e seguiu a produtora até a escada que o levaria para o palco, estava a poucos minutos de poder olhar o imenso público e dar o discurso que ensaiara por tanto tempo. Ele estava a poucos minutos do momento mais importante de sua carreira, mas não tinha ao lado a única pessoa que realmente importava.

Dentro de si, algo lhe dizia que subir àquele palco era um perigo, que não deveria fazê-lo sem Dulce.

Por outro lado, reconhecia o compromisso que tinha com o povo, e sabia que ainda que pudesse atrasar a própria presença por alguns minutos, desistir não era uma opção.

A produtora lhe entregou o microfone, ele olhou para o aparelho por alguns segundos e então fechou os olhos.

Ignorou os sons ao redor, ignorou as pessoas e as preocupações, diminuiu os ruídos e concentrou-se apenas na própria respiração.

Seus pensamentos o levaram até Mineral del Chico, o deixaram confortavelmente na sala da isolada casa no alto da montanha, permitiram que existissem apenas ele e Dulce.

Sentiu, em seu coração, cada segundo de felicidade vivido com ela naqueles dias. No pedido de casamento, nas declarações de amor feitas, nas experiências vividas, no sentimento que crescera e se fortalecera; em toda a força que tinham quando estavam juntos. Alimentavam um ao outro com amor, apoio e carinho.

Quando estavam juntos, tinham tudo. E ainda que ele não a visse ao seu lado agora, sabia que a morena estava presente; ela sempre estaria presente para ele.

Abriu os olhos, pegou novamente o celular e mirou a foto que tirara com Dulce para oficializar o noivado. Fixou-se nela durante alguns segundos, seriam a energia um do outro mesmo à distância.

— Pode subir, senador. – a produtora o avisou. – Bom discurso.

— Obrigado. – ele bloqueou novamente o celular e então sorriu para a garota. – Muito obrigado.

Subiu os poucos degraus, e logo que chegou ao palco, os olhos impressionaram-se com o tempo fechado; em nada se parecia ao dia ensolarado que vira até então.

Aproximou-se do púlpito e então concentrou-se na multidão que tinha à sua frente. Alguns gritavam, outros aplaudiam e ainda havia quem pulasse e agitasse orgulhosamente a bandeira do país.

Pousou uma das mãos sobre o púlpito e sorriu para o público, acenando e vendo como as pessoas comemoravam sua presença. Puxou o ar nos pulmões antes de iniciar aquele momento, dizendo:

— Boa tarde, México!

Os gritos se elevaram, o público gritou tal resposta, estavam felizmente histéricos.

— Boa tarde, México! – repetiu, e o público gritou ainda mais forte. – Uau... que incrível estar com vocês aqui! – sorriu, dando tempo para que o público o aplaudisse e gritasse ainda mais alto o seu nome. – Estou... eu estou muito emocionado por estar com vocês hoje. Desde que tenho memória, não houve um só 16 de setembro que eu não tenha escolhido comemorar justamente aqui, neste lugar! – ouviu os aplausos. – Eu sempre estive aí, do mesmo lado de vocês. Chegava cedo, trazia a minha bandeira, aplaudia e festejava com aqueles que, em seu devido momento, comandavam o nosso país. Hoje... – levou uma das mãos ao peito. – Hoje eu continuo do mesmo lado, e agora, honrado e comprometido em representar a cada um de vocês! – os gritos tornaram-se eufóricos. – Estamos do mesmo lado! E sempre estaremos do mesmo lado! iViva México!

Aplausos, gritos e uma onda de bandeiras espalhou-se pelo local, colorindo todo o Zócalo com as vozes e o amor da população.

Havia algo que ninguém, nem mesmo a oposição do senador, poderia negar: Christopher havia nascido para liderar. Ele era naturalmente interessava-se pelas pessoas, e era fácil que todos o amassem de volta.

Jogada ParalelaOnde histórias criam vida. Descubra agora