Capítulo 50, parte III

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— Não busco uma justificativa. – disse, e o senador parou de falar. – Não busco que compreenda o porquê das minhas atitudes. Honestamente, acho que nem eu não sou capaz de me compreender. Mas consigo encontrar cada um dos meus erros, consigo ser consciente das pessoas que deixei escapar, que magoei você, magoei a Maite, e acho que, indiretamente, também magoei a Dulce. – sincero. – Sou consciente de que perdi muita coisa nesse tempo, sou consciente de que a minha relação não é como antes, nem sei como Maite e eu chegaremos a um noivado de novo. Eu sei que é tudo minha culpa.

— Não, não é, cara. – disse rapidamente. – Não é. Minha omissão sobre o possível casamento, foi um erro. Eu poderia ter escolhido falar a verdade, talvez tivéssemos até rido dessa situação toda, não sei. – deu de ombros – Jamais saberemos. Eu não menti, mas eu omiti coisas e não deveria ter feito isso. Acredite, também aprendi dos meus erros.

— Você agiu mal, eu reagi pior. – olhou-o. – Perdão. Por tudo, te peço perdão.

— Te perdoo. Por tudo o que te diz respeito, eu te perdoo. – então deu um leve sorriso. – E te devo desculpas por...

— Por nada. – aproximou-se. – Passei uma borracha no que ficou para trás, entendi você, entendi a Maite, eu realmente entendi. Gostaria muito que você também pudesse apagar essa mancha na nossa amizade e... e que pudéssemos seguir em frente.

— Seguimos em frente. – Christopher lhe estendeu a mão.

— Porra, cara! – Christian o puxou pela mão e logo o abraçou. – iTe quiero, guey!

iEres muy chingón, cabrón! – abraçou-o de volta, sentira real falta do investidor.

— Não erro mais dessa forma! – Christian disse firme. – Te prometo. E você sabe como levo a sério a minha palavra.

— E eu acredito nela! – encararam-se. – Sempre!

— Estava sentindo a sua falta, Christopher. – soltou-o. – Chegou um momento em que eu olhava para tudo isso aqui... – arfou, e o senador automaticamente reparou nos detalhes do local. – E não tinha mais graça, não tinha mais razão... não tinha mais nada.

— Eu sei como é. – pegou novamente a cerveja. – Eu olhei várias vezes para o meu apartamento e o senti completamente inútil sem a Dulce por perto. Chegava depois de um dia de trabalho e pensava: para que? Para que tudo isso se eu não posso compartilhar com quem eu amo? De que vale tanto poder? – deu de ombros. – De que vale a fama e a razão sobre tantas coisas? Eu não era feliz!

— Eu aprendi que não vale de nada. – Christian confessou. – Aprendi que isso tudo sequer faz qualquer diferença.

— Sei o quanto me doeu. – o senador o mirou. – Mas imagino que em você tenha doído mais.

— Acho que...

— Porque eu perdi por algo que estava completamente fora das minhas mãos, e eu teria feito, aliás, eu fiz tudo o que era possível para recuperar a mulher da minha vida. – contraiu levemente os lábios. – E você... você escolheu perder. Imagino que deva ter sido muito pior.

Christian ficou alguns segundos em silêncio, parecia assimilar aos poucos o peso das palavras do amigo, a verdade era que sentia o senador ainda tão distante; recuperar o que tinham parecia um caminho longo a ser percorrido.

O alto barulho da louça dentro do apartamento, fez ambos os homens despertarem de seus pensamentos.

— Acho que juntar as duas não foi uma ideia tão boa assim! – Christian tentou descontrair o clima.

— Dulce sabe, com maestria, como ser desastrada! – Christopher brincou e desencostou-se da grade. – Damos uma olhada nelas?

— Sim, claro! – pegou o copo de cerveja e acompanhou o amigo até o interior do apartamento.

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