O mês de junho

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Começa o mês de junho e Aisha se sente finalmente preparada para tentar iniciar os seus estudos formais em um colégio supletivo da cidade de Londres. Ela já havia aprendido a escrever e se comunicar em inglês de forma fluente. Com os livros do próprio curso supletivo, ela começou a realizar os estudos para fazer uma prova de nivelamento, que mediria o seu aprendizado até aquele momento para saber em que série ela poderia começar a estudar no país.

Na primeira semana daquele mês, ela faria também a sua terceira consulta a sua psicóloga. Aisha tinha uma expectativa muito grande para essa consulta depois da conversa que teve com Loren. Ela queria se mostrar mais aberta e contar algumas coisas mais leves de sua infância. Mas, não sabia qual seria a sua reação quando chegasse na frente daquela profissional.

Chega então o dia da consulta e Johnson ao se dirigir com Aisha rumo ao consultório, conseguia perceber a sua tensão ao movimentar as mãos sobre as suas pernas. Então ele diz:

- Aisha, noto que você está muito tensa minha filha.

- Eu estou com medo de não conseguir me abrir para a psicóloga meu pai.

- Se quiser, não precisa ir minha filha, eu posso cancelar caso se sinta melhor assim. Não queremos te pressionar a nada. Afirma Jhonson em tom compreensivo.

- Não pai. Eu quero ir. Eu quero tentar. Não tenho certeza se vou conseguir, pois, estou começando a entender que tenho que ter um pouco mais de paciência comigo mesma, depois dos conselhos da própria psicóloga. Mas, tenho que tentar. Afirma Aisha em tom confiante.

Então ela chega ao consultório e entra na sala daquela profissional, que a recepciona com muito carinho. Aisha senta na cadeira e fica estática, a suar intensamente, demonstrando um nervosismo ainda maior do que nos dias anteriores. Aquele diálogo era difícil. A profissional tentava conquistar a confiança de Aisha, tendo paciência e tranquilidade, mas, Aisha não conseguia se abrir. Ao final do horário, novamente, ela foi levada pelo pai e muito triste não falou nada no seu trajeto para casa. Jhonson, compreendendo as dificuldades da filha, prefere não dizer nada também, conversando apenas sobre outros assuntos tentando descontrair um pouco.

Durante a noite, novamente Loren foi conversar com Aisha. No momento dessa conversa ela se sentiu muito pressionada, tendo uma reação de extrema fragilidade.

- Como foi lá hoje Aisha, conseguiu se abrir um pouco mais. Questionava Loren querendo ajudá-la.

- Não minha irmã. Quando cheguei lá, novamente a ansiedade tomou conta de mim. Eu não consigo. Diz Aisha demonstrando sofrimento em seu semblante.

Adolescentes as vezes não tem a mesma paciência que um adulto. Costumam agir na impulsividade e foi o que Loren fez naquele momento. Sem paciência e não compreendendo esses temores de Aisha, por sua cultura ser muito diferente da dela, ela diz de forma repreensiva:

- Aisha, você precisa se esforçar um pouco mais nesse ponto!

Ao ouvir aquela repreensão da irmã, Aisha começa a chorar compulsivamente, demonstrado uma fragilidade enorme. Loren se assusta com aquela reação. Aisha não se acalmava. Apenas depois de alguns minutos a chorar é que ela conseguiu parar um pouco e disse demonstrando fragilidade:

- Eu estou tentando minha irmã. Mas, eu não estou conseguindo. É como se algo me prendesse. Afirma Aisha de forma extremamente triste.

- Me desculpe minha irmã. Eu posso imaginar como tudo isso é difícil pra você. Eu não deveria ter falado daquela forma.

- Acho que pra vocês é um pouco difícil entender o porque ajo assim. A minha cultura é completamente diferente minha irmã. É muito mais privada do que a cultura daqui. Nós não podemos falar nada para ninguém nas nossas terras, pois assuntos familiares devem ser resolvidos internamente. Eu fui criada assim durante toda a minha vida. Afirma Aisha ainda a chorar.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora