Os minutos seguintes

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Na mente de Aisha tudo parou no momento do disparo. Os milésimos de segundos pareciam que estavam congelados. Depois daquele barulho de tiro, pássaros que estavam próximos daquele local voaram e os animais da redondeza começaram a fazer barulho.

Segundos depois, o silêncio tomou conta daquele espaço, e não se sabe, quanto tempo passou. Mais uma vez, um turbilhão de pensamentos surgiram, mesmo que em um piscar de olhos. Segundos passaram e ela não conseguiu abrir o seu olhar. Aquela jovem não conseguir saber se estava viva ou morta naquele momento, se havia sido atingida ou não.

Com o passar do tempo, ela ainda sentia a sua respiração e não tinha nenhuma dor. Logo Aisha pensou, que como nos filmes que assistiu, ao ser atingida na cabeça, o corpo não sentia nada e tudo que veio em sua cabeça em seguida era que ela estava prestes a morrer, se já não estivesse morta.

A medida que os segundos passavam ela sentia que ainda estava conseguindo refletir sobre sua vida. Aisha estava com medo de abrir os seus olhos. O seu terror era tão grande, por saber se estava viva ou morta, que ela estava a sentir melhor com os seus olhos fechados, na esperança de estar viva, do que descobrir que a sua vida havia mesmo acabado.

Ela ouviu a voz de um daqueles homens e então sentiu a sua respiração ofegante e o seu corpo a tremer muito. Foi quando ela criou coragem e abriu os seus olhos vagarosamente e viu que aqueles homens ainda se encontravam na sua frente. Ela olhou para o seu corpo e notou que não estava ferida, aquela jovem estava muito confusa, quando o líder daquele grupo de sequestradores, de forma séria, se aproximou dela e disse:

- Hoje é o seu dia de sorte! O nosso patrão disse que não era pra te matar dessa vez. Que te daria mais uma chance. Dessa vez o tiro foi contra a parede, o próximo poderá não ser, se não seguir as ordens que vai receber.

Aquela jovem nem conseguia dizer nada naquele momento. O seu pavor era tão grande, que ela parecia estar em um estado de choque. Não conseguia nem chorar mais naquele momento, de tanto pavor que se encontrava. Estava pálida como nunca. Era difícil até reconhecê-la, de tão diferente que ela ficou depois daquele disparo.

Quando aquele homem continuou a falar:

- Esse será o seu último aviso Aisha. Estamos rastreando todos os seus meios de contato. Rastreamos o seu telefone, o seu MSN, os seus passos e os de Saleh. Sabemos tudo que os seus parentes fazem habitualmente. Sabemos onde o seu pai trabalha, onde a sua mãe trabalha, onde Loren trabalha e onde Saleh trabalha, bem como a rotina habitual de todos eles. Escute bem o que vou lhe dizer. Essas são as pessoas que você mais ama no mundo não são?

- Sim senhor. Responde ela desesperada, voltando a ficar ofegante ao pensar naquelas falas ameaçadoras contra a sua família.

- Ah, esqueci, também tem o seu pai biológico que está no Afeganistão! Ele também está ao nosso alcance e a qualquer momento podemos dar um fim nele. Queremos você sem contato nenhum com Saleh daqui pra frente. Depois de tudo o que aconteceu aqui hoje, vamos ver se agora você escuta essa minha ameaça e vê que o que estamos te avisando há algum tempo é sério.

- Eu sei que é sério senhor. Eu já entendi, por favor me libertem. Eu não vou mais me aproximar de Saleh. Eu prometo. Afirma Aisha voltando a chorar.

- Eu sei que não vai Aisha. Sabe porquê? Porque eu tenho ordens para matar um de seus parentes a cada vez que você se encontrar ou falar com Saleh em sua vida. E te digo, a lista de qual desses morrerá primeiro, ficou por minha escolha. Será que vou escolher a sua irmãzinha Loren que acabou de se casar? Ou quem sabe a sua mãe Evelyn que trabalha no hospital? Posso também pegar o seu pai que fez tudo para te tirar daquele país onde você seria condenada a morte? Ou posso pegar o mais fácil primeiro, o seu pai biológico que está no Afeganistão? O que acha? Questiona aquele homem em tom sarcástico e frio, aterrorizando ainda mais Aisha.

- Por favor senhor. Eu não vou mais me encontrar e nem falar com Saleh. Eu prometo! Não precisa fazer nada contra a minha família. Por favor. Eu não vou mais me comunicar com ele. Eu prometo!

- Tem certeza que entendeu a mensagem, Aisha? Eu não vou dizer de novo.

- Eu entendi! Eu já entendi tudo. Eu não vou encontrar com Saleh em hipótese nenhuma. Se o ver na minha frente eu saio correndo. Eu prometo. Eu vou bloqueá-lo em todas as redes sociais, telefone, tudo. Eu prometo senhor! Eu prometo por tudo que é mais sagrado! Suplica Aisha em meio a um choro compulsivo de tanto terror.

- É bem melhor te ver assim. Entendendo que tudo que avisamos era de verdade. Afirma aquele homem, não demonstrando nenhuma compaixão do sofrimento e do desespero daquela jovem.

- Eu entendi senhor. Eu juro!

- Só mais uma coisa. Se falar qualquer coisa desse nosso encontro secreto com o seu pai ou a alguém da sua família, que venha a nos investigar, também mataremos um por um deles. Estamos entendidos? Como somos pessoas boazinhas, pode deixar que você e Saleh ficarão por último, caso tenha necessidade mesmo de matar algumas das pessoas que estão na lista. O nosso patrão ordenou que tomássemos esse cuidado, como eles fazem na sua tradição. Afirma aquele homem a sorrir maliciosamente.

Aisha entra em desespero completo só de pensar nessa hipótese. Quando ele questiona de forma mais incisiva:

- Entendeu que não queremos polícia nessa história?

- Eu entendi senhor. Eu juro que não vou contar pra ninguém. Eu prometo. Ninguém saberá disso.

- Eu confio em você. Afirma aquele homem em tom irônico novamente.

Então eles vedam Aisha, a desamarram daquela cadeira e a levam para a Van novamente. Ela chorava muito durante aquele trajeto. Em sua mente, ela ainda não estava segura se aqueles homens iriam mesmo a libertar ou acabar com a sua vida em algum momento. Depois de percorrer aproximadamente 40 minutos, eles retiram a sua venda, a desamarram e ao chegarem em uma parte escura de um bairro da periferia, ao lado de uma autoestrada, eles devolvem a bolsa de Aisha e a jogam contra um barrando, arrancando aquela Van rapidamente.

Ela fica naquele local desesperada a chorar por alguns minutos, antes de encontrar forças para se levantar e ir em direção a sua casa. Ela tremia como nunca em sua vida. Nem quando Osnin a castigava de forma terrível o seu terror era tão grande o quanto ela havia passado naquela noite. Aquele foi o maior medo que ela já havia passado desde que nasceu e parecia que aquele terror não seria cessado tão cedo. Aisha teria que evitar de qualquer maneira encontrar com Saleh novamente para a segurança de sua família.

Mesmo em um frio terrível, com aquela grama um pouco molhada, ela, por algum tempo, não conseguiu sequer se levantar. Ficou a chorar naquele local de forma intensa. Por alguns momentos ela pegava naquela grama desesperada e pensava que a sua vida havia ficado por um triz.

Depois de mais ou menos uns cinco minutos a chorar, ela criou força e coragem e começou a caminhar por aquele bairro. Então ela chegou em um estabelecimento comercial e pediu para que um homem chamasse um táxi para ela, pois o seu celular estava descarregado. O homem muito solicito e ao ver o semblante desesperado daquela jovem, chamou então um veículo que a pegou minutos depois a levando para casa.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora