O fim daquela semana

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Ao chegar em casa, Sarwar chamou toda a sua família e contou para eles o que foi decidido:

- Pierre, decidimos que você irá se casar na próxima semana com Amira. Essa foi a forma que arrumamos de tentar evitar que ocorra um escândalo com o nome das nossas famílias na sociedade.

Em um primeiro momento, Pierre se assustou, fazendo um olhar de surpreso diante daquela situação tão inesperada. Mas, logo ele se animou muito com ideia, pois Amira era linda e ter uma esposa formosa e prendada como ela seria ótimo. Depois desses pensamentos, ele diz sorrindo:

- Sim pai. Tudo bem. Fico feliz que tenha arrumado uma esposa tão bonita e prendada.

- No acordo ficou combinado que vocês vão morar aqui em casa inicialmente. Enquanto você estiver estudando, continuará aqui conosco e depois que se formar e arrumar um emprego pode optar por morar aqui ou em outra casa com a sua esposa. Afirma Sarwar.

- Tudo bem pai.

- Era isso que precisava comunicar a vocês. Agora vou para o escritório ligar para os convidados para informar que o casamento será adiado por uma semana em comum acordo entre as famílias.

Aquele senhor então sai do ambiente em que estava, entrando no escritório. Muito cansado, o seu filho mais velho entra naquele espaço e o questiona:

- O senhor precisa da minha ajuda meu pai?

- Não meu filho. Aqui eu consigo resolver tudo sozinho. Agradeço muito pela ajuda. Depois conversamos sobre como vamos nos vingar daquele outro lá. Nesse ponto sim vou precisar muito da sua ajuda.

- Eu estou à disposição meu pai. Ele deve retornar para a Inglaterra. Lá poderemos pegar ele de jeito se for da sua vontade!

- Eu vou pensar no que fazer e nós vamos planejando juntos. Eu agradeço pelo apoio meu filho.

- A saída foi boa meu pai. Graças a Pierre o nome da nossa família não será tão desmoralizado. Dos males, acabou sendo o menor.

- Eu também gostei muito da proposta levantada pelo pai de Amira. Ele é um senhor muito sábio. Acho que vai dar tudo certo para a nossa família no final.

- Vai sim. Tenha uma boa noite pai!

- Tenha uma boa noite! Afirma Sarwar ao se despedir do filho.

Ainda naquela noite ele ligou para muitas famílias que recebiam com surpresa aquela informação. Todos ficavam muito desconfiados, querendo saber efetivamente o que havia ocorrido. Sarwar sabia que cedo ou tarde a verdade seria disseminada naquela comunidade, pois, as pessoas haviam visto Saleh pegar o ônibus naquela rodoviária e as fofocas naquela sociedade espalhavam como rastilho de pólvora. Mas, ele sabia também, que o importante para manter a sua reputação era ter uma versão oficial dos fatos que protegesse a honra das duas famílias. Independente do que dissessem, no futuro, acabava que era aquela versão que prevaleceria quando as fofocas minimizassem.

No dia seguinte, atarde, Saleh finalmente conseguiu pegar o voo para a Inglaterra. Dentro do avião, pela primeira vez, ele se sentiu totalmente tranquilo. Daquele ponto em diante, ele sabia que as ameaças de ser capturado eram quase remotas. Na Inglaterra, ele sendo um cidadão daquele país, ninguém poderia o levar obrigado para a sua nação de origem. Ele estava muito feliz que poderia retornar a aquele país que aprendeu a gostar e tentar conquistar novamente Aisha.

No final da noite daquele sábado, ele chegou a Londres e entrou em contato com um amigo, que surpreso o recebeu em sua casa para que ele passasse aquela noite. Ao chegar no apartamento daquele colega de Faculdade, Saleh explicou toda a situação e que fugiu do seu país para lutar pelo seu amor por Aisha. Como aquele jovem, dono do apartamento, havia se tornado muito amigo dele e sabia de sua paixão incontrolável por aquela jovem desde que eles se conheceram, ele, mesmo muito surpreso com a coragem de Saleh, disse que ele poderia ficar na sua casa o tempo que precisasse. Que sua casa está à disposição, até que ele conseguisse um emprego e estivesse mais estabilizado naquele país. Saleh o agradece muito pela ajuda nesse momento difícil.

No domingo, mesmo depois daquela longa viagem, Saleh acordou logo cedo, por estar muito ansioso. Ele pegou o seu telefone e passou por sua cabeça ligar para o seu pai para lhe pedir perdão, mas lhe faltava coragem. Ele pensou inúmeras vezes antes de fazer essa ação e durante a manhã não teve coragem de entrar em contato com a sua família no Afeganistão.

No final da tarde, novamente veio em sua mente essa necessidade, foi então que ele criou coragem e ligou para o telefone do pai, e disse assim que ele o atendeu:

- Pai, me perdoe por não ter cumprido com o compromisso que o senhor fez.

- Quem está falando? Questiona Sarwar.

- É Saleh pai!

Furioso aquele senhor responde:

- Lave a sua boca antes de me chamar de pai. Você não é mais o meu filho. Você é a maior decepção da minha vida. Afirma aquele senhor furioso, quando sentiu o seu coração bater mais forte.

Depois de alguns segundos de silêncio para se recompor um pouco, Sarwar, começou a dizer de forma ainda mais furiosa:

- Você não é mais meu filho! Eu te amaldiçoo por todas as suas gerações. Você sofrerá a ira da minha maldição. O seu filho sofrerá a ira da minha maldição, os seus netos sofrerão a ira da minha maldição e todas as gerações que surgirem a partir do seu nome serão amaldiçoados.

- Senhor acalme-se por favor. Tentou intervir Saleh.

- Você está a me pedir calma depois do que fez comigo, com Amira e o com o nome da nossa família. Não tens vergonha? Você não viu como Amira ficou desolada ao saber que você a abandonou na véspera do seu casamento. Não tens vergonha?

- Eu tenho muita vergonha do que fiz. Afirma Saleh a chorar naquele instante ao pensar em Amira.

- Pois eu digo que vergonha não é o suficiente. Se estivesse no seu lugar eu teria era medo. Pois eu vou me vingar de você seja onde estiver Saleh. Essa desonra que você fez a nossa família não vai ficar assim. O seu nome está proibido de ser pronunciado em minha casa e jamais será considerado novamente meu filho. Você morreu pra mim!

- Por favor, se acalme. Interrompe Saleh, quando aquele senhor continua a gritar com ele no telefone:

- Você está deserdado. Não terá direito a mais nenhum centavo do que é meu. Se pisar no Afeganistão será morto imediatamente. Ou eu ou o seu irmão Andric arrumaremos uma forma de nos vingar de verdade de você se pisar nessas terras. Eu farei de tudo que estiver ao meu alcance daqui pra frente para arruinar a sua vida Saleh. Eu sei que você fugiu daqui por causa de Aisha. Então escute bem o que eu vou lhe dizer. Você não ficará com ela de maneira nenhuma em sua vida. Isso é uma promessa que lhe faço. Se insistir em tentar ficar com ela, eu mato ela e você também! Está me ouvindo? Se tentar ficar com Aisha, eu mato ela e você também! Você só ficará com Aisha por cima do meu cadáver! Afirma aquele senhor furioso antes de desligar aquele telefone.

Saleh fica assustado. A ameaça do seu pai foi muito incisiva e ele era muito rico. Certamente, teria sim condições de pagar a alguém para atentar contra as suas vidas, mesmo na Inglaterra, caso ele insistisse com a ideia de continuar tentando namorar com aquela jovem.

Aquela ligação o deixou muito preocupado. Depois daquelas ameaças diretas do seu pai, ele se arrependeu de ter entrado em contato com ele, mesmo que com o propósito de pedir perdão pelo que fez.

Saleh, depois de alguns minutos, sente uma tristeza enorme em seu quarto e fica a pensar no que fazer daquele momento em diante. Ele tinha em mente que havia feito toda aquela loucura para estar próximo de Aisha e não conseguiria ficar longe do seu amor, mesmo após as incisivas ameaças do pai. Ele sabia que depois do que fez, todo o cuidado seria pouco para ambos, mas, abrir mão de sua amada, ele não abriria! Eu lutei muito para estar aqui perto dela e não vou desistir do meu amor! Pensava ele de forma decidida.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora