Casamento forçado e abusivo II

A chegada em casa

Durante o trajeto o motorista percebia que Aisha estava muito assustada, mas, discreto, não chegou a questioná-la se algo havia ocorrido. Quando ela chegou em frente ao prédio em que ela morava, ele parou o carro e falou o preço. Ela então pegou o dinheiro e o entregou, o agradecendo. Com um medo extremo de ser abordada por alguém, ela abriu a porta daquele carro e saiu correndo em direção a entrada daquele edifício.

Logo que chegou no saguão, ela passou rapidamente pelo porteiro que estava a conversar com uma senhora, sem ao menos o cumprimentar. Aquele profissional achou aquela ação de Aisha estranha, pois ela era sempre muito educada e nunca havia feito algo parecido anteriormente.

Ela subiu rapidamente as escadas, pois estava com pressa para chegar logo em seu apartamento, onde se sentiria mais segura. Ao chegar em frente a porta, as suas mãos tremiam tanto que teve muita dificuldade em acertar o ponto de colocar a chave na fechadura, mas depois de algumas tentativas, finalmente conseguiu abrir a porta e entrar.

Ao entrar na sala do seu apartamento, ela suspirou e fechou a porta, trancando-a e se sentando escorada nela, desesperada a chorar. Aisha ficou ali por alguns minutos, pensando no que faria daquele momento em diante, se criaria coragem para contar ao seu pai o que ocorreu ou se faria exatamente como aqueles criminosos pediram para que ela fizesse, não contando para ninguém sobre o sequestro daquela noite.

Depois de muito refletir, ela relembrou que prometeu a aqueles criminosos bloquear todos os contatos de Saleh e logo começou a fazer essas ações. Ela ligou o seu nootbook e abriu o MSN, foi nas configurações e colocou a opção que o impedia de enviar mensagens para ela. Aisha tomou a mesma ação em outros programas como o Orkut, que ela quase não usava e também no Facebook.

Logo em seguida, ela entrou em contato também com a sua operadora de celular e boqueou o número dele, impedindo que ele tentasse contactá-la também por esse meio. Por fim, Aisha entrou em contato com o porteiro e ordenou que ele não deixasse que Saleh entrasse no prédio, caso ele aparecesse na portaria. Aquela jovem estava tão assustada ao passar essa ordem, que o porteiro desconfiado, chegou a questioná-la se havia ocorrido alguma coisa, quando ela afirmou que estava tudo bem e que apenas não queria receber a visita dele.

Após fazer todas essas ações, ela foi tomar um banho e as imagens daquelas cenas de terror voltaram a invadir a sua mente, enquanto a água tocava o seu corpo e rosto. Novamente aquela jovem começou a chorar intensamente, se lembrando do terror que passou enquanto esteve nas mãos daqueles criminosos e suas lágrimas se misturavam às águas do chuveiro, enquanto ela mantinha uma respiração ofegante.

Assim que finalizou o seu banho, ela foi até o seu quarto e trancou a porta, deitando em seguida em sua cama, com a expectativa de conseguir dormir naquela noite, mas, por muitas horas o seu sono não vinha. Tudo que vinha na sua mente era que sua família estava a correr riscos por sua causa, e a sua indefinição de como agir perante aquela situação, trazia um peso ainda maior na consciência.

Na última conversa que teve com o pai sobre as ameaças que estava sofrendo, ela prometeu que o contaria imediatamente caso algo de novo acontecesse. Entretanto, ao ver o poderio daquele grupo de criminosos e que eles estavam a vigiar boa parte dos seus passos, inclusive hackeado o seu computador, o medo tomou conta e Aisha não estava a ter coragem de contar a verdade a Johnson.

Tudo que ela pensava era que se ele soubesse de algo, aqueles homens poderiam descobrir, a partir de suas reações, que provavelmente, incluiriam a polícia, o que os faria cumprir com a promessa que haviam feito de matar as pessoas mais importantes de sua família. Só de pensar nessa hipótese o corpo de Aisha tremia intensamente.

Depois de muito refletir, extremamente cansada, ela finalmente conseguiu pegar no sono durante a madrugada. Depois de algumas horas, ela teve alguns pesadelos que a fizeram acordar assustada, mas, logo, ela insistia e voltava a dormir, até que o dia amanheceu.

No outro dia, ela acordou mais convicta de que não poderia contar a ninguém que havia sido sequestrada, caso contrário a sua família estaria em risco muito grande. Aisha tinha em mente que se algo acontecesse a qualquer uma daquelas pessoas que ela tanto amava, ela jamais se perdoaria. Foi a partir desses pensamentos, que ela resolveu que tomaria todas as ações que foram ordenadas por aqueles criminosos.

Sarwar, assim que acordou, acessou os seus e-mails e viu que tudo que havia planejado deu certo. Aqueles sequestradores, enviaram uma mensagem em código afirmando que haviam cumprido com o planejado.

No final daquela manhã, ele ligou através de um aparelho via satélite para o chefe daqueles criminosos, que lhe contou em detalhes como ocorreu toda a operação e o desespero de Aisha durante aquele sequestro, algo que fez aquele senhor gargalhar por inúmeras vezes, enquanto dizia: "Quero ver se ela terá coragem de me desafiar novamente depois dessa!"

No desenrolar da conversa, aqueles criminosos, informaram Sarwar que Aisha havia mesmo bloqueado Saleh em todas as redes sociais, conforme eles haviam ordenado e que pelas análises preliminares que foram realizadas, não foram encontrados indícios de que ela avisou a qualquer pessoas da família que havia sido sequestrada. Em resposta o pai de Saleh disse sorrindo ao desligar aquele telefone, para o seu filho Andric que estava na sala a escutar todo aquele diálogo:

- Ta vendo como um susto presencial faz as pessoas mudarem as suas condutas.

- Acho que depois do terror que essa menina passou, ela não vai querer encontrar com Saleh mais nunca em sua vida. Respondeu Andric.

- Assim espero, pois, se ela me desafiar novamente, o próximo tiro que ordenarei não será mais contra a parede! Será contra ela, ou alguém que ela ama de verdade! Eu não a darei outra chance como essa! Afirmou aquele senhor demonstrando firmeza em sua fala.