Assim que Alexsander pisou na sala daquela casa, Aisha comovida com o sofrimento que ele passou ao saber dos relatos de Sônya, correu em sua direção e o abraçou fortemente em uma ação completamente espontânea.
Em um primeiro momento, aquele homem não entendeu nada. Olhou para Sônya de forma assustado, não reconhecendo quem estava a abraçá-lo. Segundos depois, ele retribuiu o abraço a Aisha, ainda sem entender muito bem o contexto daquela ação tomada por aquela mulher que ele não conseguia identificar.
Logo Aisha se distanciou alguns centímetros, olhou bem para o rosto e os olhos de Alexsander e disse:
- Como você ficou bonito!
Alexsander meio sem jeito, questionou de forma acanhada:
- Eu, infelizmente não estou te reconhecendo. Quem é você?
- Essa é Aisha, Alexsander. Respondeu Sônya.
Nesse momento, ele deu dois passos para trás e começou a ficar pálido. O terror estava estampado no rosto dele. Era como se Alexsander estivesse a ver um fantasma em sua frente. Era isso que em sua cabeça ele tinha de informação. Muito assustado, ele logo disse:
- Mas, não pode ser. Aisha morreu quando fugimos para a guerra. O meu pai a deixou em casa para morrer. Ela não pode estar aqui. Mortos não retornam a terra!
- Eu também me assustei quando a vi Alexsander. Mas, Aisha me contou tudo. Depois que partimos, ela foi resgatada por um soldado inglês e foi levada para o hospital onde se recuperou. E agora ela está aqui a nos fazer uma visita. Respondeu Sônya.
Ainda muito assustado, ele olhou para Aisha e começou a reconhecer os seus traços. Logo ele entendeu que aquela informação era verdadeira. Então, foi em direção a ela e lhe deu um forte abraço. Muito emocionado ele disse:
- Se fosse hoje, eu não teria deixado o meu pai fazer aquela desumanidade contra você Aisha. Infelizmente eu era muito novo. Não tinha como fazer nada para te salvar! Mas, eu pensei em você por toda a minha vida! Eu sonhava em te encontrar de novo. Diz ele com lágrimas a sair dos seus olhos, quando Aisha e Sônya também começam a chorar de emoção.
- Eu sei que não tinha como afrontar o seu pai Alexsander. Quem bem sabe o quanto Osnin era violento sou eu. Não se preocupe com isso! Ninguém tinha como fazer nada naquela situação. Vocês fizeram o que foi possível! Eu sou muito grata a você por todo o apoio que me deu naquela casa, mesmo falando as escondidas comigo. Eu me lembro de tudo que me disse e do apoio que me deu. Responde Aisha também demonstrando emoção em seu semblante.
- Eu também me lembro de tudo Aisha. Você era, e pelo que vejo, continua sendo uma pessoa muito especial. Já naquela época eu não entendia muito bem o porque todos te odiavam. Eu adorava brincar com você! Você sempre me tratou muito bem! Era uma pessoa incrível.
- Olhando para trás hoje vejo que são coisas daquele tempo. Temos que lembrar das coisas boas que vivemos. E tentar construir um novo presente e futuro. Que bom te ver novamente Alexsander! Eu estava louca para te encontrar de novo.
- Que bom te ver também Aisha. Eu sonhei tanto com esse momento. Em ter essa oportunidade. Todas as pessoas que te conheciam, disseram que você havia morrido.
- É uma longa história tudo o que aconteceu. Mas, prometo te contar um dia. Em certa medida, eu tive que esconder que estava viva, pois o seu pai poderia ainda me requisitar como sua esposa. Por isso todo mundo achou que eu havia morrido. Algumas pessoas até souberam que não, mas, eles não eram do vinculo do seu pai, pois a minha recuperação, se deu, depois que os principais talibãs da comunidade haviam saído da cidade.
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Casamento forçado e abusivo II
General FictionApós passar por muitos percalços em sua história, Aisha consegue finalmente se livrar do seu casamento e tenta construir uma nova vida. Entretanto, os fantasmas do passado a assombram constantemente e ela tem dificuldades de superar os seus diversos...