Casamento forçado e abusivo II

O domingo

O domingo amanhece e Johnson, normalmente naquele dia, quando estava na Inglaterra, levava toda a família para almoçar fora. Aisha acorda para o café da manhã antes de todos e vai logo para a sala, depois de fazer a sua higiene pessoal, já se sentindo mais ambientada ao seu novo lar. Minutos depois se levantam Evelyn e Johnson, chegando na cozinha. Logo que ele vê Aisha sentada a ler um livro, ele diz:

- Bom dia Aisha!

- Bom dia pai! Está tudo bem com o senhor?

- Tudo muito bem graças a Deus minha filha e com você, dormiu bem?

- Sim, muito bem pai. Já fazia tempo que não dormia tão bem, como desde que cheguei aqui. Pai, eu estou com saudades do doutor Wilian, queria conversar um pouco com ele. Pode ligar pra ele hoje ou nos próximos dias para que possa contar para ele as ótimas novidades?

Johnson fica sem saber o que dizer demonstrando um certo nervosismo que é percebido imediatamente por Aisha. Aquela questão ele não esperava e, pego de surpresa, ele reagiu demonstrando uma preocupação muito grande. Quando ele fala as primeiras palavras que vem a sua cabeça:

- Claro minha filha. Podemos fazer isso sim. Hoje é domingo e o doutor deve estar de folga, no meio da semana ligamos para o hospital e tentamos falar com ele. Diz Johnson tentando evitar preocupações a Aisha.

- Que bom pai! Estou com muitas saudades do doutor Wilian, acho que ele vai adorar saber que eu já estou me ambientando. É uma pena que ainda não consigo me comunicar com a minha mãe de forma que ela entenda e nem com a Loren, mas estudarei muito para que isso ocorra o mais rápido possível.

- Eu já contratei a sua tradutora e professora de Inglês Aisha. Ela ficará aqui em casa durante uma parte inteira do dia para te ensinar a língua. Eu contratei também uma jovem afegã, que mora aqui na Inglaterra há alguns anos, para ficar na parte da tarde e te ajudar a entender a língua. Assim terá professores por mais tempo e duas pessoas para te ajudar.

- Muito obrigado pai! O senhor é o melhor pai do mundo! Diz Aisha a sorrir intensamente, enquanto dá um forte abraço em Johnson.

Loren chegou naquele momento na sala e disse:

- Opa... Assim eu vou ficar com ciúmes heim! Diz ela com um sorriso no rosto, ao abraçar o seu pai, demonstrando querer disputar ele com Aisha na brincadeira. Aisha não entende muito bem a fala de Loren, mas entende o contexto, devido ao sorriso carinhoso que ela deu.

Johnson então responde na língua de Loren e depois de Aisha:

- Eu posso ser o melhor pai do mundo para vocês duas juntas. Eu só quero que vocês continuem sendo as melhores filhas do mundo para continuar valendo a pena.

As duas abrem um sorriso irradiante e respondem cada uma em suas línguas:

- E seremos! Quando Loren complementa: - As melhores e mais unidas, não é Aisha?

Johnson traduz para Aisha, e ela abre um sorriso e diz:

- Com certeza. Ainda bem que daqui pra frente vou viver na melhor família do mundo!

Então Loren pega o braço de Aisha e a leva para a cozinha para ensiná-la como preparar um lanche a moda inglesa. As duas muito animadas, fazem aquela preparação e depois começam a comer, demonstrando muita felicidade. Evelyn estava muito alegre ao ver que as suas duas filhas estavam se dando muito bem! Poucos minutos depois Johnson afirma para as duas:

- Hoje vamos almoçar fora. Prepare-se Aisha, vamos comer em um restaurante.

Loren responde com felicidade:

- Adoro almoço em família em restaurante.

Aisha diz um pouco mais acanhada:

- Estarei preparada pai! Posso ir com as roupas da minha região?

- É claro minha filha. Aqui não impediremos você de seguir aquilo que deseja e se vestir da forma que se sente melhor. Não se sinta pressionada a nada. Você tem todo o direito de continuar com as suas tradições.

- Muito obrigada pai! Afirma Aisha com um sorriso no rosto, demonstrando felicidade.

Por volta das 12 horas, Aisha estava pronta com uma roupa para sair, tradicional em seu país e com o hijab. Ficar dentro de casa, sem visita, entre os familiares com aquela roupa, era permitido segundo as suas tradições, mas, para as pessoas externas a aquela família, bem como ao sair na rua, ela só poderia sair cobrindo os cabelos.

Então, depois que estavam todos prontos, eles entram no carro e partem em direção a um restaurante chique daquela cidade. Johnson levaria todos para comer uma comida típica das culturas Árabes para que Aisha se sentisse mais ambientada.

Naquele restaurante ela viu várias mulheres com roupas típicas da sua região e mulheres com o hijab, o que a fez se sentir mais tranquila. As comidas típicas ela conhecia algumas e contava para o seu pai como elas eram feitas, quando ele traduzia para o restante daquela família. Foi um almoço muito harmonioso e feliz!

Nesse mesmo horário no Afeganistão, Wilian já se sentia muito melhor e já iniciava os seus trabalhos naquele hospital, voltando a sua rotina normal após mais de uma semana daquela agressão. Ao se aproximar do quarto de Alek, ele nota que aquele enfermeiro que estava desacordado há um longo tempo faz os seus primeiros movimentos, demonstrando que estava melhorando o seu estado de saúde, o que deixa aquele doutor muito aliviado. Ele agradece a Deus pela melhora daquele profissional, que havia sido interrogado e que não se movimentava conscientemente desde que isso aconteceu.

Outro que ficou muito feliz foi Casim, que estava presente naquele momento e era muito amigo daquele enfermeiro e sua família. Imediatamente ele foi informar a esposa daquele enfermeiro que estava em uma sala de espera.

Durante a tarde daquele dia, Aisha tenta novamente se comunicar com Loren das formas que eram possíveis e a sua irmã tentava lhe ensinar algumas frases simples, muito usuais na Inglaterra. A cada fala com sotaque de Aisha, as duas sorriam intensamente. Aquelas conquistas de Aisha estavam sendo muito comemoradas por ambas. Loren era extremamente alto-astral e divertida, o que diminuía um pouco a timidez e a seriedade de Aisha.

Naquele período do dia, Evelyn estava a matar um pouco da saudade da sua esposa em seu quarto, demonstrando uma felicidade enorme por estarem juntos novamente. O amor daquele casal era algo impressionante! Todos que os viam, percebiam o quanto eles tinham sintonia.

Aquele dia passa sem maiores acontecimentos. Ao final daquele feliz dia em família, todos vão para a cama e Aisha fica a pensar na felicidade que estava tendo naquela nova fase de sua vida. Parecia até que tudo aquilo era um sonho. As vezes a tranquilidade de Aisha era tão grande por estar naquela casa e junto a aquela família que demonstrava tanto amor por ela, que o contraste com a sua vida anterior parecia ser algo intransponível. Aisha algumas vezes tinha medo de acordar e voltar para o pesadelo que viveu anteriormente. Novamente, naquela noite, ela tem um sonho leve e tranquilo.