Mesmo com a recomendação do seu pai, na segunda-feira Aisha resolveu retornar ao trabalho na cidade de Oxford. Como a viagem era curta, Johnson, preocupado, resolveu levá-la até o seu apartamento para deixar as suas malas e depois ao trabalho, sempre verificando se alguém os seguia ou estavam a observar o seu apartamento. Com as suas técnicas militares ele, provavelmente, conseguiria detectar alguma pessoa que estivesse em um ponto estratégico a observá-la, mas, ele não visualizou ninguém naquele dia.
Logo que ele retornou para Londes, foi a delegacia prestar queixa e entregou uma cópia daquelas provas a um dos investigadores daquela cidade, muito amigo da família. Aquele homem disse que iniciaria imediatamente as investigações.
Nos dias seguintes, Johnson recebe as primeiras informações sobre o caso e repassa elas logo em seguida para Aisha. O e-mail que continha aquela mensagem foi apagado e o IP usado era fake. Certamente aquele contato foi realizado por um Hacker, que cortou qualquer possibilidade de identificação do remetente, incluindo o seu local de origem. Estava claro para Johnson que eles estavam lidando com pessoas profissionais e que seria complicado encontrá-los. Ele insistiu para que Aisha tivesse ainda mais cuidado nas suas ações e que saísse de casa o mínimo possível. Aquela jovem prometeu seguir essas recomendações do pai.
Em seguida a aquele contato, ainda no mesmo dia, Johnson foi a casa de Saleh e o detetive particular contratado por Sarwar, que observava tudo, percebeu que ele já sabia que a filha estava sendo ameaçada. Aquele profissional contratado, teve ainda mais certeza desse fato, quando na primeira semana do mês de novembro ele viu detetives da polícia entrarem no apartamento de Saleh, provavelmente, para buscar informações. Daquele momento em diante, ele deveria tomar mais cuidado ao seguir aquele jovem, pois a polícia estava envolvida no caso.
Imediatamente, ele entrou em contato com Sarwar e avisou que havia indícios claros que foi iniciada uma investigação com relação a aquelas ameaças. Com medo de ser rastreado, aqueles homens usavam uma comunicação via satélite, que impedia qualquer grampo. Tudo que o pai de Saleh pediu foi cuidado e mais descrição ainda a aquele detetive particular para que ele não fosse capturado como suspeito. Muito profissional e experiente, ele informou a aquele senhor que não precisava se preocupar.
Na segunda semana de novembro, o policial responsável pelo caso, entrou em contato com Johnson por telefone e o afirmou que carta havia sido enviada de uma cidade vizinha. Quando eles continuaram aquele diálogo:
- E o remetente é de onde?
- Eles colocaram um endereço de remetente inexistente. Os criminosos fazem muito isso.
- Mas, quem postou?
- Uma criança de 13 anos.
- Se ele postou ele deve estar envolvido...
- Fomos atrás dele e o menino informou que recebeu 15 libras para postar essa correspondência. Pedimos a ele para nos dizer quem havia pedido isso a ele, mas, ele afirmou que foi um homem que passava pela rua. Temos até o retrato falado desse homem, mas, não é parecido com nenhum dos criminosos que temos registro.
- Que droga! Parece ser um grupo muito organizado.
- Sim. E isso é mais preocupante ainda Johnson. Quer um conselho?
- Claro senhor.
- Tente convencer a sua filha a voltar para Londres e tome muito cuidado com ela. Ela pode estar correndo sérios riscos de vida.
- Aisha não quer retornar senhor. Eu insisti, mas, ela gosta muito do seu trabalho. Ela disse que está se cuidado. Não tem transitado nas ruas, sai de casa o mínimo possível. O apartamento dela é muito seguro. Mas, eu também estou com muito medo. Mesmo com a investigação não temos nenhum indício dos criminosos.
- Nenhum por enquanto. Responde aquele investigador.
- O que podemos fazer é continuar tomando os cuidados necessários e recomendar a ela que não se encontre mais com Saleh. Eu recomendei isso a ele e a ela.
- Isso mesmo. Enquanto não descobrirmos as informações desses criminosos é muito importante que os dois não se encontrem.
- Eles não vão se encontrar. Muito obrigado meu amigo! Qualquer nova informação, por favor me avise.
- Continuaremos investigando e qualquer coisa lhe avisamos.
- Um grande abraço e obrigado por tudo.
- Um grande abraço Johnson!
Ao terminar aquela ligação Johnson passa as mãos sobre os cabelos, demonstrando preocupação. Ele não sabia mais o que fazer para proteger Aisha. Então ele liga para ela e fala de forma mais incisiva:
- Olá minha filha, tudo bem por aí?
- Tudo bem pai. Aconteceu alguma coisa?
- Sim minha filha. Eu conversei com o detetive e ele me passou novas informações sobre a investigação. Me parece que as pessoas que tem te ameaçado são profissionais do crime. Eles não deixaram vestígios de suas ações. O endereço de e-mail é impossível de ter a sua origem rastreada e a carta foi enviada por uma criança que recebeu um valor para fazer a postagem.
- Minha nossa pai! Eu estou muito preocupada.
- Eu também minha filha. Ele me recomendou fortemente que você retornasse para Londres.
Aisha naquele instante respira fundo. Ela não sabia o que responder para o seu pai. Quando Johnson prosseguiu:
- Aqui nós poderemos te proteger. Aí em Oxford a sua situação pode estar muito vulnerável. Eu preciso que você retorne minha filha.
Naquele instante Aisha começa a chorar no telefone. Tremendo muito ela diz:
- Pai. Eu não vou voltar. Eu preciso continuar a minha vida e não retornar ao passado. Aí a minha ansiedade continuará. Eu terei a mesma sensação que tive quando cheguei no país. Eu não terei a distração que o meu trabalho me traz. Eu não vou voltar.
- Você sabe o risco que está correndo minha filha?
- Eu sei pai! Eu sei do risco. Mas, eu prefiro corrê-lo do que ficar presa novamente. Eu já deixei de fazer muita coisa em minha vida. Eu preciso viver. Afirma ela de forma ainda mais incisiva chorando muito, assustando as pessoas que estavam em seu trabalho e ouviam o que ela dizia.
Naquele instante Johnson respirou fundo e disse:
- Eu temo muito pela sua vida minha filha.
- Continuarei tomando os cuidados que tenho tomado meu pai. Eu e Saleh não vamos mais nos encontrar. Eu prometo. Vai dar tudo certo, confie em mim.
- Eu confio em você! Eu não confio é em quem está a te ameaçar.
- Eu amo o meu trabalho pai. Eu amo as minhas colegas aqui. Diz Aisha a olhar para as suas amigas que estavam em outras mesas naquele escritório, quando elas sorriem em apoio e ela continua a falar: - Eu com elas tenho força. Sem elas e sem um trabalho, acho que tudo vai ser bem pior. Eu já estive em casa com a mente perturbada e preocupada. As vezes é melhor correr o risco do que voltar a ter aquelas sensações de pânico que tive por tanto tempo. Eu não quero aquilo de novo para a minha vida. Aquilo é a pior coisa do mundo! Eu prefiro me arriscar e viver, do que voltar a ter aquelas sensações de ansiedade.
- Eu te entendo minha filha. Talvez você esteja certa. Vamos rezar muito e por favor, evite qualquer contato com Saleh. Isso é fundamental para que essas pessoas se acalmem.
- Nós não vamos nos encontrar meu pai. Eu prometo.
- Tenha uma boa tarde minha filha. Por favor, seja lá que horas for, o que acontecer daqui pra frente, promete que me contará? Eu preciso saber de tudo que se passa com você, para a sua segurança.
- Sim pai. O que acontecer daqui pra frente, que possa ser indício de ameaça desses homens, pode ter certeza que lhe conto imediatamente.
- Assim fico mais tranquilo minha filha. Eu te amo!
- Eu também te amo pai!
- Se cuida!
- Pode deixar. Eu vou me cuidar.
Então eles encerram aquela ligação.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Casamento forçado e abusivo II
General FictionApós passar por muitos percalços em sua história, Aisha consegue finalmente se livrar do seu casamento e tenta construir uma nova vida. Entretanto, os fantasmas do passado a assombram constantemente e ela tem dificuldades de superar os seus diversos...