As semanas seguintes

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Depois de se abrir com Wilian, Aisha se sentia ainda mais confiante no seu tratamento com a psicóloga. De alguma forma aquele apoio dele havia a deixado mais certa de que aquele tratamento poderia dar resultados positivos. Ela queria arrumar uma forma de seguir a sua vida sem pensar muito nos seus traumas do passado.

Entretanto, aquele período de paz mental durou pouco tempo. Na terceira semana após a visita Aisha começou a ter lembranças cada vez mais constantes de Osnin e de seus atos de violência contra ela. O medo estava presente nos pensamentos de Aisha, especialmente, quando ela estava sozinha em algum cômodo da casa, ou quando notava que tinham poucas pessoas no apartamento em que morava.

Aisha tinha dificuldades em ficar em seu quarto a estudar e dormir sozinha, por medo de Osnin aparecer em algum momento naquele espaço, mesmo sabendo que isso era quase impossível naquele contexto. Andar na rua sem a companhia do pai era outro desafio. Mesmo estando acompanhada de sua mãe ou de Loren, a impressão que Aisha tinha era que poderia ser abordada a qualquer momento pelo seu ex-marido. Ao pensar nesse risco, surgia nela um pânico muito grande.

Tentando arrumar uma forma de sofrer menos com essa situação, ela demonstrava o seu sofrimento com a sua psicóloga, que tentava sempre tranquilizá-la. A profissional afirmava que era muito difícil que o ex-marido dela chegasse até a Inglaterra. Sempre muito compreensiva e sabendo de parte importante dos sofrimentos que a jovem passou enquanto estava nas mãos do seu esposo, ela dizia que entendia o que Aisha sentia, demonstrando empatia. Para evitar ainda mais os sofrimentos da jovem, ela recomendou que quando Aisha sentisse medo de ficar sozinha, que procurasse alguém para ficar próxima, pelo menos, até que ela se acostumasse com aquelas sensações e Aisha concorda que essa poderia ser uma boa saída.

Nos dias seguintes, sempre que começava a sentir pânico, Aisha procurava ficar próximo da irmã ou de Minny, entretanto, mesmo assim, ela ainda passava por um sofrimento muito grande por ter aquelas sensações de aflição em várias partes do seu dia. Durante a noite, dormir em seu quarto sozinha, era um martírio. Ela via sombras e escutava falas de Osnin com constância. Quando dormia, os sonhos de cenas com Osnin a agredindo, apareciam sempre em sua mente e aquilo era desesperador. Aisha acordava ofegante e ia para o quarto de Loren.

Por muitos dias seguidos, Loren com toda a gentileza recebia Aisha em sua cama e a questionava o que estava a ocorrer, quando ela dizia que estava a ter pesadelos constantes com o seu antigo esposo. Loren, por muitas vezes, pacientemente, a abraçava e as duas dormiam juntas. Nos braços de Loren, Aisha se sentia protegida e conseguia dormir.

Com as semanas passando o seu pânico ia aumentando. Aisha dava crises de choro muito intensos em seu quarto. Quando alguém chegava para ver o que estava acontecendo que ela chorava tanto, Aisha chegava a jurar que havia visto Osnin naquele espaço. Foi quando Loren, pacientemente, conversou com o seu pai e deu a ideia de dividir o seu quarto com a irmã, pois assim Aisha poderia ficar mais tranquila caso estivesse com ela.

Johnson ficou surpreso com a opção dada pela filha. Foi um gesto muito bonito de Loren. Quando então ele conversou com Evelyn e depois do apoio da esposa eles passaram aquela escolha para Aisha. Em uma noite enquanto estavam a jantar, Johnson disse:

- Aisha, a Loren me propôs uma coisa que acho que pode ser muito bom para vocês duas.

- O que foi papai?

- Ela acha que vocês estão um pouco distantes. E como ela sempre sonhou em ter uma irmã o mais próximo possível dela, ela propôs que vocês dividissem o quarto dela. Só depende de você aceitar a proposta. Disse Johnson tentando passar credibilidade naquilo que dizia.

Desconfiada Aisha olhou para Loren, já imaginando o porque ela fez aquele pedido. Quando teve um sentimento de proteção enorme por parte da irmã e lágrimas começaram a descer dos seus olhos. Aisha estava emocionada pelo carinho e acolhimento que Loren demonstrava em sua ação. Então ela questionou:

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora