A doação

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O dia amanhece e poucas horas depois Aisha acorda e faz a sua primeira oração. Muito devota a sua religião, ela sempre rezava pelo menos cinco vezes ao dia, como pregavam os seus dogmas religiosos.

Naquela cidade, em poucas casas, havia telefone e a pousada que Aisha estava era uma delas, mas a linha andava sempre com problemas devido a falta de manutenção e distância de cidades mais importantes.

Por esse motivo, Aisha estava há alguns dias sem falar com o seu pai e preocupada por isso. Ela só conseguiu falar com Johnson do aeroporto, informando que chegou bem e partiria para a sua cidade. Ao chegar na cidade em que nasceu, tudo que ela conseguiu fazer foi enviar uma mensagem de SMS do celular do seu guarda-costas, que por sorte, aparentemente, foi entregue a ele quando algum sinal passou pelas antenas daquela região.

Nos outros dias o seu contato também foi por SMS, sempre mandando mensagens avisando que estava tudo bem, mas que não conseguiu entrar em contato por telefone, pois as linhas daquela cidade estavam sempre com problema.

Na Inglaterra Johnson recebia essas mensagens e ficava mais aliviado. Ele sempre avisava a Evelyn que estava tudo bem com Aisha após receber o contato dela e Loren chegou a ligar para ele também preocupada, quando ele disse que estava tudo bem com a filha. Mesmo chateada com a irmã, Loren a amava intensamente e não conseguia guardar rancor de Aisha por muito tempo. Logo o seu coração amolecia e ela sentia falta da irmã.

Quando viu que Aisha tentou ligar para ela antes de partir o seu coração apertou intensamente. A sua irmã havia viajado em seguida e Loren não conseguiu se despedir. Ela até tentou contato nos dias seguintes, enquanto Aisha estava na Turquia, enviou mensagens por redes sociais, mas, Aisha muito ocupada a conversar com as pessoas daquela família, não entrou nas redes e não viu as tentativas de contato da irmã, pois o seu celular era de uma operadora que não pegava naquele país em ligações diretas.

Da casa de Rashid, Aisha entrou em contato com Johnson por duas vezes. No dia que chegou para avisar que estava tudo bem e no dia que partiu da Turquia rumo ao Afeganistão. Entretanto, as duas conversas foram breves, apenas para dizer ao pai que estava tudo bem e que iria viajar, o informando que quando chegasse no destino, entraria em contato para que ele ficasse mais tranquilo.

Depois de refletir sobre as possíveis preocupações de seu pai, Aisha foi fazer a sua primeira refeição do dia ao lado de seu guarda-costas. O café da manhã daquela pousada era muito gostoso e farto. Assim que finalizou aquela refeição ela foi ao pequeno templo religioso que havia naquela cidade para fazer mais orações pela saúde de seu pai biológico.

Ela ficou naquele local por boa parte da manhã. As mulheres que entravam naquele espaço e avistavam Aisha, ficavam muito curiosas, pois as suas roupas eram muito diferentes das usadas naquele país, devido ao tecido que era aparentemente mais nobre.

Ao sair do templo, ela caminhou junto ao seu guarda-costas pelas ruas daquela cidade. Aisha chegou a reconhecer algumas pessoas de sua época, como uma de suas vizinhas, mas, acanhada, preferiu não se aproximar muito, haja vista que ela parecia muito ocupada a comprar verduras no mercado.

Aquele local também lhe trouxe muitas lembranças. Nos fins de semana o seu pai ia muito a aquele mercado com Aisha a acompanhá-lo para ajudar a trazer as compras de alimentos que eles comiam no decorrer da semana. Esse era um dos poucos momentos que Aisha saia de casa e para ela era muito agradável. Ela tinha boas lembranças daquele mercado.

Alguns homens curiosos, questionaram quem era ela, quando ela educadamente respondeu que era filha de Mohamed Cazir. Então, alguns daqueles homens, responderam que se lembram dela quando criança e Aisha sorriu. Muito acanhada, logo ela se despediu e retornou para a pousada, onde desejava almoçar para ver o seu pai e se despedir dele.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora