Casamento forçado e abusivo II

Os dias seguintes

O dia seguinte era sábado e Aisha chamou o guarda-costas para conhecer alguns lugares importantes daquela cidade, como algumas mesquitas famosas. Naquele dia ela fez muitas orações sobre o olhar atento daquele segurança, que ficava sempre muito preocupado com ela, quando transitava em meio a um grande número de pessoas.

No final do sábado, enquanto estava em seu quarto ela se sentia feliz por voltar a sua terra natal. No seu balanço do dia, ela não viu riscos ao transitar por aqueles espaços, ficando um pouco mais tranquila quanto a sua segurança. Antes de dormir, ela ligou novamente para o seu pai e conversou um pouco como ele, que novamente a passou dicas de segurança. Johnson, a exemplo do que disse para a filha nas últimas vezes que conversaram, pensava que só ficaria mais tranquilo novamente quando Aisha retornasse para a Inglaterra.

Durante aqueles contatos, Aisha sempre tentava tranquilizá-lo dizendo que estava tudo muito tranquilo durante a sua viagem e que ela não notou nenhum indício de risco em meio aos locais que passou. Mas, o seu pai a alertou que os terroristas normalmente agem em situações aparentemente tranquilas, para que o impacto de seus atos seja maior, fala que a deixou um pouco mais alerta. Eles se despediram e ela em seguida ligou para Caivan.

Ao atender o telefone, ele disse a Aisha que ainda estava na viagem a trabalho que afirmou que estava programada, antes mesmo dela partir para o Afeganistão. Por esse motivo, não teria como encontrar com ela naqueles primeiros dias de estadia em Cabul. Provavelmente, o primeiro encontro dos dois ocorreria na terça-feira da próxima semana.

Ainda durante aquele contato, Aisha disse por vários momentos que não via a hora de encontrá-lo e ele retribuía aquela fala carinhosa, afirmando que também estava com uma expectativa enorme para vê-la depois de tanto tempo. Após muitas trocas de palavras bonitas e de demonstrações de carinho, eles finalizam aquele diálogo, dizendo amar um ao outro.

Todas as vezes que terminava de falar com Caivan a sensação de Aisha era de uma euforia enorme. Ela já era muito apaixonada por ele quando criança e depois de mais de um ano de contatos constantes, encontrava-se ainda mais deslumbrada com a forma gentil que ele se apresentava.

Caivan era um galanteador completo. Gostava de dizer belas frases, palavras bonitas, recitar poemas e dizer que amava Aisha o tempo inteiro. Ele afirmava que precisava dizer isso sempre, porque esperou por muito tempo para reencontrá-la e que quando isso aconteceu, ele jurou para si mesmo que demonstraria amores por ela todo dia, para que ela nunca se esquecesse disso.

Esse tipo de fala a deixava completamente dominada pela paixão. Aisha se lembrava dos seus encontros quando criança e o quanto ele era carinhoso. Naquela noite ela se lembrou, após falar com Caivan, de seu último encontro com ele em detalhes.

Naquele dia, eu estava apreensiva ao ver aquela família arrumando as malas. Então, querendo ficar um pouco mais próximo de Caivan, pelo pouco tempo que poderiamos ficar juntos, me lembro que fui até o quarto dele para ajudá-lo a recolher as suas coisas. Ao perceber o semblante dele preocupado, disse:

- Caivan, me perdoe por deixar o meu pai descobrir o segredo de sua família.

- Aisha, você não tem que me pedir desculpas por nada. Eu que tenho que te pedir perdão por te fazer sofrer tamanha violência. Você vai continuar vivendo com o seu pai mesmo depois disso?

- Eu não tenho escolha meu amigo. Eu não tenho para onde ir.

- Vem conosco. Respondeu Caivan com um olhar demonstrando extrema emoção.

- Não amigo. Seria muito perigoso para vocês, poderia levantar suspeitas. Eu prefiro ficar mesmo com o meu pai.

- Mas, e se ele te agredir de novo, você não aguenta mais tanta violência. Assim que chegou aqui já desmaiou ao entrar em casa, Aisha. Eu estou muito preocupado com você.